Ambientalistas buscam conciliar uso dos ventos com segurança para espécies ameaçadas
O uso do vento como fonte de energia eólica é uma das soluções mais limpas do planeta e vem sendo defendida por praticamente todas as instituições ligadas à proteção ambiental. Mesmo assim, as cada vez mais potentes hélices dos cataventos instalados em algumas fazendas nos Estados Unidos já começam a causar problemas ambientais.
O perigo diz respeito às aves, mais particularmente ao grou americano (whooping crane, em inglês), pássaro muito conhecido e admirado nos EUA por sua beleza e seus berros que acordam quase uma floresta inteira. O problema é que uma das regiões mais propícias à instalação de fazendas produtoras de energia eólica, devido à força dos ventos locais, fica justamente no corredor migratório dessas aves, entre a costa do Texas e o Nordeste do Canadá.
Ambientalistas favoráveis ao uso da energia eólica temem que o pássaro, que já esteve próximo à extinção há cerca de 60 anos, possa novamente ser ameaçado. Por isso, pedem que seja feito um estudo de impacto ambiental antes da instalação dos cataventos.
- Existem áreas já conhecidas por servirem como rota e ponto de parada de grous durante a época de migração. Gostaríam os que as companhias evitassem essas regiões e considerassem uma boa margem de segurança - apela Tom Stehn, especialista em grou americano e coordenador do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos, na véspera de uma conferência nacional sobre energias renováveis, que começa hoje em Washington.
Extinção
Em 1941, apenas 15 exemplares de grou americano estavam em liberdade nas florestas dos EUA. Um programa ambiental conseguiu aumentar este número para 360 aves em liberdade e 150 em cativeiro.
Na semana passada, o uso da energia eólica ganhou força nos EUA depois que a Câmara dos Deputados votou a favor da concessão de incentivos fiscais aos usuários de fontes de energia renováveis.
Uma organização ambiental sem fins lucrativos, a Audubon, especializada em pássaros, se diz totalmente favorável ao uso de energia eólica, mas ressalta que é preciso ter atenção com as aves.
“O desafio é conseguirmos sentar juntos aos designers responsáveis pelos cataventos e criarmos uma forma de evitar que haja colisões dos pássaros com as hélices das turbinas eólicas”, disse a Audubon, em um comunicado. Os ambientalistas dizem já estar em contato com fabricantes de turbinas eólicas para tentar encontrar a melhor solução.
No ano passado, turbinas eólicas forneceram energia elétrica para cerca de 1% das casas dos EUA. A previsão é que haja cerca de 25% de crescimento por ano deste mercado, de acordo com a Associação Americana de Energia Eólica (Awea, sigla em inglês).
(
Jornal do Brasil, 04/03/2008)