Um ato público será realizado no próximo dia 26, às 10 horas, em frente à sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro. Será um protesto nacional contra a política do banco de financiar prioritariamente os plantios de eucalipto, cana-de-açúcar e de pinhão-manso, entre outras espécies, para produzir biocombustível. Um dos objetivos do ato é protestar contra o pedido de financiamento da Aracruz Celulose para ampliar seus plantios de eucalipto no Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Bahia. A empresa quer R$ 1 bilhão do BNDES para consolidar seus plantios, ampliar a produção de suas fábricas e construir novas unidades.
Uma das novas fábricas da Aracruz Celulose será construída no Espírito Santo: será a quarta unidade da empresa no Estado. A Aracruz vem aumentando seus plantios no Espírito Santo, ampliando sua penetração nas regiões noroeste, serrana e sul. A manifestação será realizada pela Rede Alerta Contra o Deserto Verde, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), entre outras organizações. Estão sendo mobilizadas lideranças camponesas nos estados, e trabalhadores de base no Rio de Janeiro.
A convocação para o ato no BNDES já está sendo feita às instituições. É informado na convocatória que o eixo central da manifestação “é a mudança do modelo econômico, por mais investimento público na reforma agrária e agricultura familiar e contra os impactos sócio-ambientais provocados pelas monoculturas, o latifúndio e agronegócio”.
E que os principais pontos são “a crítica aos financiamentos bilionários que historicamente têm sido concedidos pelo BNDES ao agronegócio e para expansão de monoculturas predatórias, e que são os maiores responsáveis pelo aumento dos desmatamentos e destruição do patrimônio ambiental”. Isto “enquanto os pequenos agricultores familiares e os assentamentos da reforma agrária, que produzem a maioria dos alimentos consumidos nos centros urbanos e geram trabalho e renda para milhares de famílias em todo o país, dificilmente conseguem ter acesso a estes recursos públicos”.
Com o ato os movimentos sociais reivindicarão “investimentos para construção de agroindústrias, incentivo à produção agroecológica, fortalecimento da assistência técnica rural de caráter público, financiamento de logística e transporte para armazenagem e escoamento da produção agrícola para as cidades, fomento ao ensino rural, apoio ao cooperativismo agrícola, etc”.
Os organizadores exigem se reunir com o presidente do BNDES no dia da manifestação. A organização do ato público no BNDES será concluída em reunião no próximo dia 11, às 19 horas, no Sindipetro, no Rio de Janeiro.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário, 06/03/2008)