O uso de sacolas retornáveis ainda não se tornou hábito entre os consumidores santa-cruzenses. Na hora de levar as compras para casa, as embalagens descartáveis, de plástico, predominam nos caixas dos supermercados. Essas, apesar de práticas, representam um problema ambiental: jogada na natureza, cada uma demora cerca de 400 anos para se decompor.
E a quantidade assusta. A cada mês, 4 milhões de sacos plásticos saem dos supermercados de Santa Cruz, de um total de quase 50 milhões por ano. O gerente do Rede Vivo, no Arroio Grande, Marcelo Fabiano da Luz, diz que o estabelecimento recebe 80 mil sacolas comuns por semana. Ao mesmo tempo, mantém uma campanha que busca justamente amenizar esse impacto.
Na primeira compra o cliente recebe uma sacola reutilizável gratuitamente. Retornando ao mercado com a embalagem, e caso gaste mais de R$ 20,00, ganha um cupom, com o qual concorre a um carro zero-quilômetro. “Vamos continuar com a campanha até as pessoas se conscientizarem dos benefícios do uso. Mas é uma implantação difícil, porque a sociedade está acostumada com as sacolas descartáveis”, afirma.
Só nos últimos 15 dias, 440 embalagens retornáveis foram entregues a consumidores. Elas são feitas a partir do reaproveitamento de sacos de farinha. A fabricação é subsidiada por empresas patrocinadoras e conta com mão-de-obra carcerária. Os detentos recebem salário e abatimento de um dia de pena a cada três trabalhados.
Em Santa Cruz também existe o projeto Sacola dá Vida, mantida pela Cooperativa Regional de Agricultores Familiares (Ecovale) e pela Rede do Bem. Os sacos são confeccionados em algodão e podem ser adquiridos por R$ 10,00. Desses, R$ 7,00 são destinados à fabricação de novas embalagens e o restante é repassado a 16 entidades beneficentes. O produto pode ser adquirido na Ecovale, que fica na Rua Thomas Flores.
Lixo
A dona de casa Íris Kuhn saía do mercado, na tarde de segunda-feira, carregando as compras em quatro sacolas descartáveis. Ela diz que, apesar de levar as compras nos sacos plásticos tradicionais, gostaria de utilizar as embalagens ecológicas. “Seria bom ter uma sacola que dê pra usar de novo. O problema é que é um hábito difícil de ser mudado”, acredita.
Já Débora Figueiredo diz que nem sabe onde encontrar os modelos reutilizáveis. “Acho que a maioria prefere as descartáveis pela praticidade. E quem não usa para pôr lixo em casa?”, indaga. “Mas tudo é questão de costume, ainda mais se os mercados passarem a oferecer aos clientes.”
(Gazeta do Sul, 05/03/2008)