O custo para implementar medidas para combater os problemas ambientais é acessível e pode representar apenas 1% do PIB mundial em 2030, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A entidade divulgou ontem, em Oslo, na Noruega, um estudo com perspectivas sobre o tema, o "Environmental Outlook" (Avaliação do Meio Ambiente).
"Medidas ambiciosas para proteger o meio ambiente podem elevar a eficiência da economia e reduzir os gastos com saúde", concluiu a OCDE. "No longo prazo, os benefícios de ações antecipadas diante dos diversos desafios irão provavelmente superar as despesas."
No entanto, a organização, que reúne 30 países (o Brasil não faz parte da OCDE), avalia que os gastos devem ser divididos por meio de políticas globais, o que inclui as economias emergentes. As nações desenvolvidas têm sido responsáveis pela maior parte das emissões de gases que provocam o efeito estufa, mas o rápido crescimento dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) pode mudar essa situação no futuro, acredita a organização. "Até 2030, as emissões anuais desses quatro países juntos irão exceder as das 30 nações da OCDE somadas", estima a entidade formada por países que representam mais da metade de toda a riqueza do mundo.
Para o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, é necessário lidar com a questão sobre quem pagará as despesas para amenizar os danos ambientais. "O custo de uma ação global será muito menor se todos os países trabalharem juntos", diz em comunicado.
Cálculo
O estudo divulgado pela organização tem o objetivo de mensurar quanto o mundo gastaria para implementar soluções para os problemas atuais, comparando com o custo de não tomar nenhuma atitude. O cálculo foi feito com base em um pacote teórico de medidas formulado pela entidade. A conclusão é de que o PIB mundial crescerá 97% até 2030 caso as estratégias sejam adotadas, uma diferença muito pequena em relação ao avanço de 99% da atividade econômica no mesmo período se nada for feito.
Isso significa que o PIB mundial cresceria somente 0,03 ponto porcentual a menos por ano se os países investirem na questão do meio ambiente. Nesse caso, as emissões de gases que causam o efeito estufa subiriam 13% até 2030, ante uma alta de 37% caso nenhuma ação seja adotada.
Áreas prioritárias
A organização identificou quatro áreas que requerem ações mais urgentes: mudanças climáticas, perda de biodiversidade, escassez de água e impacto da poluição na saúde humana. "Os países terão de mudar a estrutura de suas economias para se mover na direção de um futuro mais verde e sustentável, baseado na menor emissão de carbono. É possível arcar com os custos dessa reestruturação, mas a transição terá de ser administrada cuidadosamente", diz Gurría.
A OCDE recomenda o uso de políticas baseadas nos instrumentos econômicos e de mercado, como o uso de impostos verdes, taxas contra o desperdício, precificação mais eficiente da água, negociação de emissões e eliminação de subsídios que prejudicam o meio ambiente (como os praticados na produção de combustíveis fósseis e na agricultura). Para a entidade, também é necessário adotar regras mais rigorosas para os setores de transporte e construção, além do investimento em pesquisa e desenvolvimento.
(
Agência Estado, 05/03/2008)