Um senador, um prefeito e um deputado estadual de Mato Grosso fazem parte de lista de infratores ambientais flagrados pela fiscalização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) em 2007. A soma das multas aplicadas aos três, por desmatamento, queima ilegal e falta de licenciamento para a criação de gado, chega a R$ 7,4 milhões.
As autuações foram feitas pelo escritório do Ibama em Alta Floresta --um dos 36 municípios da lista de maiores devastadores da Amazônia -- e envolvem fazendas do senador Jayme Campos (DEM), do deputado estadual Ademir Brunetto (PT) e do prefeito de Itiquira (350 km de Cuiabá), Ondanir Bortolini (PR).
Das seis autuações lavradas contra os políticos, três decorreram de infrações identificadas na fazenda Santa Amália, do senador Jayme Campos. Segundo a fiscalização do Ibama, a propriedade tinha mais de 1.500 hectares de desmatamentos em áreas de preservação permanente --ao longo de cursos d´água e em áreas de nascentes.
"Verificou-se que a maior parte da vegetação natural que recobria essas zonas de proteção especial foi substituída por pastagem para a atividade pecuária", diz um dos autos de infração, lavrados entre os dias 16 e 22 de junho do ano passado.
Por conta dos desmates, e também por não dispor de licenciamento ambiental para a pecuária, Campos recebeu R$ 6.045.120 em multas.
Em abril, o prefeito Ondanir Bortolini foi multado em R$ 1.184.760 pelo desmate ilegal de 402 hectares de mata nativa e pela queima, também sem autorização, da mesma área, contrariando embargo do Ibama. Sua fazenda, Três Irmãos, fica no município paraense de Novo Progresso --que também faz parte da lista das 36 cidades.
A falta de licenciamento ambiental para a atividade agropecuária na fazenda Santo Ângelo, em Alta Floresta, levou o deputado estadual Ademir Brunetto a receber uma multa de R$ 200 mil, em fiscalização realizada no mês de agosto.
O senador Jayme Campos atribui as três multas que recebeu a uma "ação política" em represália a pronunciamentos que fez contra a "truculência" das equipes de fiscalização do Ibama no norte do Estado.
"Critiquei o Ibama em pronunciamentos no Senado e à população de Alta Floresta. A fiscalização e as multas vieram em seguida." Ele diz que há 13 anos não faz novos desmates na fazenda e que o verificado em áreas de preservação permanente é anterior à compra da propriedade. "Mesmo assim, se tiver que fazer o reflorestamento, não há problema."
O deputado Ademir Brunetto admite que a fazenda não tinha o chamado LAU (Licenciamento Ambiental Único), mas diz que a licença foi obtida neste ano e que poucas propriedades no Estado estão com o licenciamento em dia. "Já encaminhei toda a documentação ao Ibama."
Já o prefeito de Itiquira, Ondanir Bortolini, diz que não irá "fornecer detalhes" do caso por telefone. Segundo ele, o cuidado é necessário por se tratar de um período pré-eleitoral. "Não sei se você é mesmo da Folha ou não."
(
Folha Online, 05/03/2008)