Engenheiro florestal garante a manutenção e a exploração sustentável das matas
Demorou. Mas o engenheiro florestal ganhou reconhecimento e um bom mercado no Brasil. É o que garantem pioneiros no Rio Grande do Sul, gente que apostou na carreira que permite avaliar o potencial, planejar e organizar o uso racional das florestas, uma das maiores riquezas do futuro.
- Os governos nunca primaram pela mata. Agora, com a degradação do ambiente, começaram a perceber que a nossa profissão tem muito a colaborar. Essa engenharia está em expansão - afirma Roberto Magnos Ferron, 52 anos, formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) há 28 anos.
Roberto conversou com o caderno Vestibular por telefone, desde Brasília. Como integrante da Câmara de Engenharia Florestal do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea), participava na semana passada de um encontro nacional cujo objetivo era levar soluções ambientais ao governo federal.
- Trabalho no reflorestamento e na educação florestal e ambiental. A sociedade demanda produtos da madeira todos os dias, como lenha, móveis e papel. Não podemos continuar cortando a mata nativa. Muitos proprietários de terras ainda vêem a floresta como um empecilho para a agricultura, e há ambientalistas que são contra a reposição da mata com espécies exóticas - diz o engenheiro.
Mercado é autônomo e forte na área ambiental
Os aspectos social, econômico e ambiental que envolvem as florestas estão no centro das discussões ambientais e presentes no currículo do curso que abre diferentes possibilidades de carreira. O reflorestamento para a transformação da madeira em produtos emprega muitos engenheiros na indústria. Mas boa parte da categoria trabalha de forma autônoma e na área ambiental.
No Estado, muitos engenheiros preferem atuar na prestação de serviços. Eles integram a Sociedade dos Engenheiros Florestais Autônomos do Rio Grande do Sul (Sefargs), que congrega consultorias e serviços como produção de mudas, manejo florestal, reflorestamento, entre outras atividades.
- A municipalização ambiental é o grande mercado atual. Até outubro de 2009, 100% das cidades gaúchas devem obter habilitação para o licenciamento de impacto local e poucos municípios contam com profissionais qualificados - diz o presidente da Sefargs, Nelson Nicolodi, 52 anos, destacando que apenas 187 cidades entre os 496 municípios gaúchos já estão de acordo com a legislação.
Projetando o mercado para o Brasil, Nelson acredita que a necessidade do manejo da vegetação para os licenciamentos - um forte componente na formação da engenharia florestal - , levará o profissional a progredir muito na área. Conforme o engenheiro, apenas cerca de 60 cidades fora do Estado estão municipalizadas no país.
Conforme o engenheiro florestal Edison Cantarelli, coordenador do novo curso da UFSM em Frederico Westphalen, a expansão do mercado também pode ser constatada pelo crescimento da graduação no país, que dobrou na última década.
- São 46 graduações no país e boa parte oferecida por federais. Há muita demanda, e os alunos se colocam bem no mercado logo após a formatura - diz Cantarelli, destacando que o novo currículo tem como foco o manejo e o melhoramento genético de florestas nativas.
(Zero Hora, 05/03/2008)