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etanol
2008-03-05

Em meio as crescentes críticas contra os biocombustíveis, o Brasil defendeu com firmeza, nesta terça-feira, o etanol como fonte de energia renovável durante uma reunião de ministros do Meio Ambiente da União Européia (UE), América Latina e Caribe sobre mudanças climáticas, em Bruxelas.

"Compartilhamos a experiência do Brasil, um dos principais produtores de bioetanol. Os métodos de fabricação são importantes e não deverão impor um peso para as mudanças climáticas", disse Janez Podobnik, ministro de Meio Ambiente da Eslovênia, país que exerce a presidência da UE.

A embaixadora do Brasil na UE, María Celina de Azevedo Rodrigues - substituindo a ministra Marina Silva - foi encarregada de defender os biocombustíveis na reunião com representantes de cerca de 60 países, voltada para delinear uma posição comum para a próxima cúpula de maio, em Lima.

Segundo fontes diplomáticas presentes, "O Brasil ofereceu todo tipo de garantias" sobre a sustentabilidade da produção de etanol, um dia depois de vários países da UE manifestarem dúvidas sobre a proposta da Comissão Européia de impulsionar a utilização dessa fonte de energia.

No âmbito de seu programa contra as mudanças climáticas, a União Européia planeja que 10% dos combustíveis utilizados para transporte em seu território sejam biocombustíveis, uma iniciativa que poderia elevar às alturas as exportações brasileiras de etanol.

Contudo, a produção dessa energia a partir da cana-de-açúcar, milho ou soja, vem sendo motivo cada vez maior de dúvidas na opinião pública européia, por suas conseqüências negativas - derrubada de florestas, alta dos preços dos cereais, escassez de alimentos, deslocamento de populações.

Um estudo de uma agência holandesa de meio ambiente, apresentado nesta terça-feira, indica que os biocombustíveis "não podem ser uma boa solução" para a luta contra as mudanças climáticas "do ponto de vista ambiental".

Neste sentido, um grupo de especialistas da UE trabalha atualmente para estabelecer uma "certificação de origem" com critérios de sustentabilidade, para assegurar que os biocombustíveis importados pela União Européia não causem prejuízos ecológicos ou sociais aos países em que são produzidos.

Apesar de na reunião desta terça-feira em Bruxelas "não se ter demonstrado nenhuma desconfiança ou barreiras para a América Latina", segundo fontes diplomáticas, a questão dos biocombustíveis e sua sustentabilidade foi alvo de inúmeras discussões entre os ministros.

Como os países da América Latina não têm uma posição comum sobre o tema, o titular do Conselho Nacional de Meio Ambiente do Peru, Manuel Ernesto Bernales Alvarado, que exerce a presidência da região, limitou-se a apontar a necessidade de respeitar "as normas ambientais mais exigentes".

"Não é um assunto que se debata como modismo. É debatido como investimentos de um novo tipo: temos que analisar estudos de impacto ambiental, estratégico e impacto sobre a biodiversidade", explicou Bernales.

A produção mundial de biocombustíveis representa 1% da produção de combustíveis fósseis. O comércio internacional de etanol, de 5 bilhões de litros anuais, representa 10% da fabricação total do produto, de 50 bilhões de litros ao ano.

Os Estados Unidos são os principais produtores do mundo de etanol, com 28 bilhões de litros em 2007, seguido do Brasil com 22 bilhões

(G1, 04/03/2008)


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