Às vésperas do 8 de março, Dia Internacional da Mulher, ativistas da Via Campesina comprovaram, na prática, o autoritarismo e a falta de diálogo da governadora Yeda Crusius. A investida truculenta da Brigada Militar contra 900 mulheres que ocupam, desde a manhã desta terça-feira (04/03), a Fazenda Tarumã, em Rosário do Sul repercutiu na Assembléia Legislativa. Da tribuna, a deputada estadual Stela Farias frisou: “Isto é inadmissível”. Para ela, a governadora Yeda Crusius, ao invés de reprimir, o movimento deveria preservar as áreas de fronteira. A manifestação próxima à fronteira com o Uruguai faz parte da jornada Nacional de Lutas das Mulheres da Via Campesina contra o Agronegócio e em defesa da soberania alimentar.
Stela lembra que a empresa Stora Enso é sueco-finlandesa e que a legislação brasileira não permite a aquisição de terras por estrangeiros em faixas de 150 km da fronteira do Brasil com outros países. “A fronteira tem que ser resguardada. A soberania nacional tem que ser preservada”, sublinhou. A ocupação objetiva chamar a atenção dos governos federal e estadual para a anulação das compras de terras feitas ilegalmente pela Stora Enzo na faixa de fronteira. As campesinas querem a área para a reforma agrária. Elas também reivindicam a retirada dos projetos, que tramitam no Senado e na Câmara Federal, propondo a redução da faixa de fronteira de 150km para 50 km.
Da tribuna, a parlamentar petista exibiu foto da ação truculenta da BM e também mostrou documentos sobre as negociações ilegais da compra daquelas terras por estrangeiros. Stela disse que a denúncia já chegou à Procuradoria-geral da República e à Polícia Federal. Indignada, a deputada petista lamenta o fato de o governo tucano tratar movimentos sociais como caso de polícia. Trata-se, no entendimento da petista, de um governo autoritário que não sabe dialogar com a sociedade. Segundo ela, esta postura arrogante desmente o discurso proferido pela governadora Yeda no início do ano legislativo de que estaria “aberta ao diálogo”. Para Stela, a melhor solução para os problemas deve vir pelas conversas e não pela força.
(Por Stella Máris Valenzuela, Agência de Notícias AL-RS, 04/03/2008)