As chuvas registradas desde sexta-feira no Vale do Rio Pardo foram suficientes para amenizar as perdas na agricultura, mas não para recuperar os níveis dos reservatórios para abastecimento da população. Em Herveiras, a precipitação acumulada foi de aproximadamente 100 milímetros, metade do considerado necessário para normalizar o abastecimento de água na cidade e no interior. Com isso, a Prefeitura manteve o racionamento de quatro horas diárias – das 13h30 às 17h30 – no fornecimento. O secretário municipal de Agricultura, Cláudio Sebastião Grassel, informou que os reservatórios de água continuam baixos.
Segundo o coordenador do escritório local da Emater-RS/Ascar, Leandro Grassel, apesar de insuficiente para terminar com o racionamento, a chuva ameniza a situação das 660 propriedades rurais de Herveiras. “A chuva ajuda a não piorar”, informou.
Calcula-se que nas lavouras de milho a perda chegue a 25% dos 1,2 mil hectares e, na cultura do feijão, a 30% dos 200 hectares cultivados no município. Até os piscicultores foram atingidos pela falta de chuvas. Os açudes praticamente secaram e os peixes tiveram que ser abatidos prematuramente. No setor, o prejuízo gira em torno de 50%.
Os cerca de 80 milímetros de chuva acumulados em Passo do Sobrado nos últimos quatro dias levaram a Prefeitura a adiar o decreto de situação de emergência, que sairia nesta semana caso o tempo continuasse seco. Segundo o prefeito Elto Dettenborn, as fontes naturais não acusaram recuperação satisfatória. Em Vera Cruz, muitos reservatórios reagiram com a precipitação dos últimos dias. O prefeito Guido Hoff admitiu que o município também já estava avaliando a possibilidade de decretar situação de emergência. Somente na quarta-feira da semana passada foram 52 pedidos de cargas d’água.
Em Venâncio Aires, as perdas registradas até agora não chegam a ser alarmantes. A preocupação continuam sendo os baixos níveis de córregos e açudes no interior. O chefe do escritório da Emater, Vicente Finn, informou que apenas 2% dos 15,5 mil hectares plantados de milho foram perdidos. Na safrinha do feijão, a perda chega a 25% em alguns casos. “A chuva veio em tempo”, afirmou, acrescentando que em pouco mais de 200 hectares de plantação de milho, as perdas chegam a 50%.
“Alguns agricultores tiveram suas produções muito arruinadas”, lamentou. No mês passado, segundo a Emater, choveu 89 milímetros na Capital Nacional do Chimarrão. O esperado para o período é 120 milímetros.
Em Sobradinho, na região Centro-Serra, as perdas até agora foram pequenas na agricultura. “Mas começariam a preocupar não fosse essa chuva, que animou os agricultores”, contou o agrônomo Paulo Dilélio, da Secretaria Municipal de Agricultura. Em Gramado Xavier, desde quinta-feira choveu de 70 a 120 milímetros, dependendo da região do município. “O problema continua sendo o abastecimento de água em algumas localidades”, revelou o técnico da Emater José Barbosa. Ele informou que hoje haverá uma reunião para avaliar as perdas no campo provocadas pelo tempo seco das últimas semanas. Em Vale do Sol, segundo a prefeita Beatriz Krainovic, a chuva do fim de semana não foi suficiente para recuperar os reservatórios na região serrana do município. “Continuaremos levando água a algumas propriedades”, assegurou.
(Por Francine Schwengber e Igor Müller, Gazeta do Sul, 04/03/2008)