Os painelistas do seminário estadual "Mudanças Climáticas e Sociedade" realizado na manhã desta segunda-feira (03/03), no Plenarinho da Assembléia Legislativa gaúcha, apresentaram um ponto em comum em suas falas: a atividade humana contribui em muito para o aumento da temperatura média do planeta. O evento foi promovido pela Frente Parlamentar para o Desenvolvimento Sustentável e Apoio à Agenda 21, coordenada pelo deputado Ronaldo Zülke (PT), e pela Frente Parlamentar em Defesa do Meio Ambiente, coordenada pelo deputado Daniel Bordignon (PT) juntamente com diversas entidades.
Na abertura dos trabalhos, o presidente do Sindiágua, Rui Porto, declarou que o atual modelo de desenvolvimento, subordinado à visão do capital, volta-se para a privatização dos recursos naturais. "A mesma lógica está na área de saneamento ambiental", criticou.
Já o Prof. Dr. do Departamento de Geografia da UFRGS e pesquisador do Núcleo de Pesquisas Antárticas e Climática do NUPAC/UFRGS, Francisco Aquino, apresentou um panorama sobre o tema, com informações do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças do Clima (IPCC) durante a mesa "O contexto das mudanças climáticas e o atual modelo de desenvolvimento". "Há um consenso científico que a atividade humana tem contribuído no aquecimento global, interferindo na natureza", sentenciou.
O assessor técnico da III Conferência Nacional do Meio Ambiente, Leandro Signori, disse que, caso o padrão de consumo individual nos países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos atinja o padrão de consumo norte-americano, seriam necessários três planetas Terra para suprir esta necessidade. De acordo com Signori, "estamos vendo a apropriação privada da natureza". O assessor informou que o Brasil iniciou um novo ciclo de desenvolvimento, com crescimento contínuo a cada mês, em diversas frentes, porém, com o diferencial de estar comprometido com a sustentabilidade, e não apenas ao crescimento predatório.
Antes de abrir para o debate em plenário, o deputado Ronaldo Zülke lançou a provocação: "É possível pensarmos no aumento da qualidade de vida da população, que diz respeito à melhoria ao acesso de todos aos bens e serviços, combinado com a redução na emissão de CO2?" O deputado sugeriu a reflexão sobre qual o modelo de desenvolvimento que será adotado caso os países em desenvolvimento experimentem aumento nos índices de inclusão de pessoas no consumo dos recursos.
(Por Lucídio Gontan, Agência de Notícias AL-RS, 03/03/2008)