Apontado como ideal para futura represa caxiense, arroio é alvo de discussão entre o Samae e moradores da região de Vila Seca contrários ao empreendimento na área. Amanhã, a comunidade tem a oportunidade de participar de audiência pública para avaliar quem está com a razão sobre o futuro da água.
O futuro do abastecimento da água em Caxias do Sul começa a ser definido amanhã. Em uma em audiência pública programada para as 19h, no UCS Teatro, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para a construção de uma represa no entorno do Arroio Marrecas será apresentado para debate. Neste encontro, técnicos da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) irão conhecer o trabalho realizado durante sete meses e meio pela UCS, em 2007. Depois desta apresentação, em um prazo médio de 45 dias, o órgão estadual emitirá parecer favorável ou não à construção da represa.
Argumentos favoráveis e contrários à obra vêm norteando o debate desde a entrega do EIA ao Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), em dezembro do ano passado. De um lado, o Samae defende que a área no entorno do Arroio Marrecas seria a mais adequada para comportar uma nova represa e suprir as necessidades de abastecimento de Caxias do Sul.
Por outro lado, uma comissão de moradores da região contesta a decisão de construir uma represa no entorno do Marrecas. Eles contrataram uma empresa de consultoria ambiental para rever dados que foram divulgados no trabalho realizado pela universidade.
De acordo com a Vitória Consultoria Ambiental, técnicos não cadastrados junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) participaram do estudo. O trabalho da UCS seria vago com relação ao replantio de espécies nativas da flora local e não teria observado alternativas de captação de água.
- Poderíamos conseguir o mesmo volume de abastecimento através de poços que buscassem água do Aqüífero Guarani - expõe Sérgio Araújo, biólogo formado e pós-graduado pela UCS, responsável técnico pela Vitória Consultoria Ambiental e ex-diretor-técnico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente entre 2001 e 2004, administração do PT.
O prefeito da época, o petista Gilberto Pepe Vargas, é defensor do Marrecas para a futura represa:
- O manancial precisa ser utilizado e penso que não haverá problemas, desde que sejam contempladas todas as questões ambientais. O Marrecas é apontado como alternativa de abastecimento desde a época de 30, quando do estudo de recursos hídricos. A audiência é necessária em função dos impactos ambientais.
O engenheiro químico, doutor em recursos hídricos e saneamento ambiental e coordenador do EIA da UCS, Lademir Beal, refuta as acusações da consultoria.
- Eu não tenho conhecimento do levantamento deles, mas todas as respostas para essas questões estão dentro do próprio EIA - simplifica.
O trabalho da UCS contou com a participação de 31 professores, sete técnicos de nível superior, cinco acadêmicos e quatro empresas para tarefas específicas. A Vitória esteve acampada no entorno do Arroio Marrecas durante 22 horas. Somente neste tempo, diz ter encontrado números diferentes dos observados pela universidade.
- Se alguém tem capacidade, condições e competência para realizar o EIA, esse alguém é a UCS. O relatório prevê monitoramento ambiental permanente, durante a execução das obras e depois da construção da represa - rebate o diretor do Samae, Marcus Vinícius Caberlon.
(Por Fábio da Câmara, Pioneiro, 03/03/2008)