Um projeto inédito de reaproveitamento de madeira submersa está sendo lançado pela ONG Mão Natureza - Movimento de Amparo Ecológico. A idéia é aproveitar as madeiras que ficam em baixo d’água nos reservatórios artificiais formados pelas usinas hidrelétricas.
Desde que o Brasil iniciou a construção de uma série de usinas hidrelétricas, na década de 1940, e, conseqüentemente, a construção de grandes represas, inevitavelmente suas construções provocaram o alagamento de grandes áreas florestais que ainda permanecem submersas nesses reservatórios.
O projeto inédito criado pela ONG de Barra Bonita prevê o reaproveitamento da madeira das árvores dessas florestas que, segundo os idealizadores da idéia, estão conservadas e podem abastecer por longos períodos o grande mercado consumidor de madeira. Dessa forma, as atuais reservas florestais dispostas em terra firme, dentro do território brasileiro, poderiam ser poupadas.
Estima-se que a quantidade de madeira existente nesses reservatórios submersos representem 4% das reservas atuais em terra firme. Estudos mostram que madeiras de lei submersas conservam suas propriedades por até 100 anos e a quantidade nesses reservatórios seriam significativas.
Daí a possível viabilização do projeto proposto pela diretoria executiva da ONG Mãe Matureza e desenvolvido por membros do Conselho Consultivo, profissionais com formação acadêmica. “Resgatadas e processadas tornam-se um precioso recurso natural de baixo custo e impacto, podendo atender à grande demanda comercial no Brasil e até mesmo no Exterior por longos períodos, enquadrando-se na categoria dos ecologicamente corretos”, explica Hélio Palmesan, presidente da ONG.
Por ser um projeto de grande abrangência, a ser executado em local insalubre sujeito a intempéries, o seu período de execução ainda é indeterminado. Inicialmente, a previsão é de que ele poderia ser executado em um período de 4 a 7 anos.
Extração
A grande questão, porém, é como estas madeiras serão retiradas do fundo do rio. A solução encontrada para extraí-las, segundo Palmesan, é através do mergulho sub-aquático. Para isso, seriam utilizados equipamentos pneumáticos hidráulicos, entre eles, motoserras hidráulicas, que funcionam debaixo d’água.
Após serem cortadas, as madeiras flutuarão até a superfície e posteriormente serão rebocadas por uma embarcação até a margem do rio. “Tentaremos também implantar um projeto, que será piloto, para que o processamento da madeira seja feito numa barcaça próxima ao local de extração. Quando esta madeira for levada para a margem, ela já estará pronta para ser comercializada”, detalha Palmesan.
De acordo com ele, a ONG Mãe Natureza seria a única responsável pela execução do projeto. O que deixaria isentos de quaisquer responsabilidades os órgãos licenciadores, a Secretaria de Estado e municípios, as concessionárias de energia, departamentos hidroviários entre outros.
O projeto desenvolvido pela ONG, denominado “O valor das árvores submersas”, conta com a parceria da Faculdade de Tecnologia de Jaú (Fatec-Jaú); Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) da USP-São Carlos; Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA-Regional) e Instituto Internacional de Ecologia (IIE).
(Por Davi Venturino,
Jornal da Cidade - Bauru, SP, 04/03/2008)