Os governos da União Européia (UE) elogiaram um pacote de propostas que prevê gastos de bilhões de euros no combate ao aquecimento global, e disseram que poderão adotar as medidas sugeridas ainda neste ano. Reunidos, ministros de Meio Ambiente de países da UE elogiaram a Comissão Européia por apresentar a proposta de cortar os gases causadores do efeito estufa em 20% até 2020 - ou 30%, se os EUA e outros grandes poluentes aceitarem um acordo amplo de combate à mudança climática.
Os ministros se reuniram com Yvo de Boer, chefe da Convenção-Quadro da ONU para a Mudança Climática que liderou o acordo de Kyoto para a redução nas emissões de gases causadores do efeito estufa. Ele disse a jornalistas que existe "um verdadeiro senso de urgência e este pacote precisa ser apresentado rapidamente". Ele pediu que a UE mantenha-se no rumo, garantindo que os acordos futuros sobre o clima não sejam apenas assinados, mas também ratificados - uma alfinetada nos Estados Unidos, que assinaram o Protocolo de Kyoto mas não tentaram ratificá-lo em seu Congresso.
Para garantir a ratificação do próximo acordo, De Boer disse que a UE precisa começar a pensar em ajudar financeiramente o desenvolvimento econômico sustentável em países como o Brasil e a China. Essas chamadas "compensações de carbono" - como a construção de grandes usinas eólicas na China - não acém bem com ambientalistas, que dizem que essas medidas não ajudam a mudar o com,portamento de grandes poluidores nos EUA e Europa.
Uma parte fundamental da iniciativa européia é um esquema pelo qual indústrias pesadas venderão ou comprarão autorizações para a poluição que causam. Embora o pacote para a mudança climática tenha sido elogiado pelos 27 ministros de Meio ambiente da Europa, houve desacordo quanto a alguns detalhes. A Alemanha, que abriga uma forte indústria automobilística, critica o limite de poluição dos carros em 130 gramas de CO2 por quilômetro rodado.
De acordo com o novo pacote, as indústrias pesadas poderão acabar pagando até US$ 75,8 bilhões ao ano em encargos de poluição. Para evitar que as empresas deixem a Europa ou sejam prejudicadas por concorrentes em países onde é permitido poluir, os europeus querem um acordo global de corte de emissões com os EUA e outros países industrializados.
Biocombustíveis deverão responder por 10% do combustível de transporte, mas terão de ser produzidos de forma ambientalmente neutra. Biocombustíveis, energia solar e eólica - que deverão responder por 20% da geração energética da Europa em 2020, ante 8,5% hoje - deverão evitar a emissão de 900 milhões de toneladas de CO2, de acordo com a Comissão Européia.
(Ambiente Brasil, Estadão, 04/03/3008)