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desmatamento reflorestamento
2008-03-04

Há um ano, ativistas mexicanos criticavam a política florestal nacional por considerá-la enganosa e insuficiente. Agora surgem vozes que enaltecem o trabalho do governo em sua intenção de plantar 280 milhões de árvores em 2008. Esse número representa um aumento de 20 milhões de mudas em relação ao ano passado. “Estão sendo feitas coisas interessantes, com pessoal muito qualificado. Deveríamos estar abertos às mudanças”, disse ao Terramérica Sergio Madrid, porta-voz da G-Bosques, coalizão de 14 organizações sociais e de produtores florestais. O governo não estabeleceu áreas específicas para reflorestar, a não ser alguns programas especiais para regiões ameaçadas, sobretudo no sudeste do país.

A campanha funciona principalmente em resposta às solicitações de donos de terras rurais e de governos estaduais. Cada Estado fixa sua meta individual e da soma delas surge e cifra de 280 milhões de árvores que se pretende plantar, em mais de 600 mil hectares, para ajudar a deter a perda de floresta. No ano passado, a estatal Comissão Nacional Florestal (Conafor) recebeu 80 mil pedidos de reflorestamento, e só conseguiu atender a metade. Dos cem municípios florestais de maior marginalização, localizados principalmente em Guerrero, Chiapas e Oaxaca, 85% foram atendidos.

Entre dezenas de espécies de árvores, arbustos e cactos, os pinheiros são os mais plantados. Nas zonas áridas e semi-áridas planta-se, por exemplo, mezquites ou algarobo (do gênero Prosopis), cacto (gênero Opuntia), agave (Agave) e pinheiros (Pinus pinea L.). Em zonas temperadas, são plantadas abetos (Abies religiosa), freixos (Fraxinus), ciprestes (cupressus) e carvalhos (Quercus), e nas zonas tropicais cedro vermelho (Cedrela odorata), mogno (Swientenia macrophylla), andiroba (Carapa guianensis) e rosa (Tabebuia rósea), entre outras espécies.

No entanto, ecologistas, como os da organização Greenpeace, afirmam que o plantio de árvores é um fracasso e esconde um desmatamento alarmante. O coordenador geral de Conservação e Restauração da Conafor, Vicente Arriaga, disse ao Terramérica que essas “ácidas criticas” de alguns ativistas respondem, em parte, à sua falta de contato com os silvicultores e camponeses que recebem ou pedem apoio oficial. Segundo Arriaga, o desmatamento atual é inferior a 300 mil hectares anuais. Em mais dez anos, o reflorestamento “terá compensado a perda de florestas”, assegurou.

O governo do conservador Felipe Calderón conta com o aval da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), máxima autoridade mundial em matéria florestal, para garantir que a perda de floresta no México está em franco retrocesso e que o corte ilegal chegou ao seu registro mínimo. Porém, Héctor Magallón, encarregado de Florestas da filial mexicana do Greenpeace, considerou que os dados sobre desmatamento não são críveis, pois se perde 600 mil hectares de floresta por ano. As florestas mexicanas cobrem cerca de 56 milhões de hectares e cumprem um papel fundamental ao capturar dois terços da água doce que se consome no país.

Segundo o Greenpeace, o México é um dos cinco principais desmatadores do mundo, lista que tem o Brasil em primeiro lugar, seguido da Índia. O porta-voz da G-Bosques concordou que os números oficiais de desmatamento são duvidosos. Madrid acredita que houve “problemas metodológicos no momento de obtê-los”. O governo vai destinar, este ano, US$ 500 milhões a programas florestais. Esta soma sem precedentes se divide em tarefas de reflorestamento, pagamento de serviços ambientais a proprietários de zonas florestais e conservação de solos, entre outras.

No entanto, o Greenpeace argumenta que plantar mais árvores não soluciona o problema, pois somente uma pequena porcentagem sobrevive. “O programa é um fracasso”, assegurou Magallón ao Terramérica. Arriaga acusa os ativistas de usarem dados da década de 80 e enfocarem de maneira equivocada a sobrevivência das árvores. Nas ciências agroflorestais é considerado adequado esperar que sobrevivam, num prazo de 30 anos, apenas 10% a 30% das árvores plantadas, segundo Arriaga. “Aí não há nenhum fracasso”, afirmou. Elevar ao máximo a densidade de árvores por hectare é um dos objetivos, pois logo se deve cortar os exemplares que menos prometem em seu desenvolvimento, explicou.

Entre seus dez a 15 primeiros anos de vida, as árvores têm maior capacidade de captura de carbono, principal gás vinculado à alteração do clima. Depois, muitos exemplares devem ser cortados, pois se for mantida a alta densidade perdem grande parte dessa propriedade, disse Arriaga. Por sua vez, Madrid, que há um ano via com desconfiança os programas oficiais, agora os considera corretos, “embora ainda insuficientes”, e ressaltou que o governo destina US$ 100 milhões anuais para pagar a donos de florestas em 8,5 milhões de hectares para que estes os conservem e manejem.

“O apoio pode e deve chegar a 20 milhões de hectares, mas há um avanço e não quero destacar os pontos onde a estratégia pode vacilar”, acrescentou Madrid. Sobre os milhões de árvores que serão plantadas este ano, disse que se trata de um programa válido, “independente da possível sobrevivência das árvores”. Além disso, o governo fazer propaganda do reflorestamento e se proclamar líder mundial na matéria, “não é negativo, pois com isso consegue ativar a consciência ambiental”, ressaltou.

Magallón, entretanto, considerou “uma vergonha” o governo apoiar de forma “tão marginal” a conservação das florestas existentes e fazer tanto alarde do reflorestamento. Arriaga refutou o Greenpeace, quando diz que o governo gasta mais em reflorestamento do que na conservação de solos, pagamento de serviços ambientais a camponeses e outros itens. “Nos reunimos com eles e apresentamos os números”, afirmou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) estabeleceu como meta mundial para 2007/2008 plantar um bilhão de árvores ao ano. O México é o país que mais contribui para esse objetivo, segundo as autoridades.

(Por Diego Cevallos*, Terramérica, Envolverde, 03/03/2008)
* O autor é correspondente da IPS.

Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.

 


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