Camargo Corrêa espera ter o aval prévio do Ibama para a hidrelétrica de Belo Monte no primeiro semestre de 2009O Estudo de Impacto Ambiental do projeto da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), deverá ser entregue ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) entre junho e julho, informou ontem ao Estado o diretor de Projetos de Energia da construtora Camargo Corrêa, Marco Bucco. "Com isso, nossa expectativa é de que o Ibama libere a licença ambiental prévia no ano que vem."
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da hidrelétrica de Belo Monte está sendo desenvolvido há cerca de dois anos pelas construtoras Camargo Corrêa, Odebrecht e Andrade Gutierrez. A entrega do estudo e dos relatórios sobre o impacto ambiental é o primeiro passo para iniciar, junto ao Ibama, o processo de licenciamento.
Somente depois de o projeto obter o aval prévio das autoridades ambientais é que o governo poderá fazer o leilão. No Ministério de Minas e Energia, a expectativa é de que, se a licença prévia sair no primeiro semestre de 2009, o leilão poderá ser realizado na segunda metade do ano que vem. A potência prevista é 11 mil megawatts (MW), quase a mesma de Itaipu.
O projeto de Belo Monte vem sendo discutido desde a década de 80. Por causa de problemas ambientais e de questionamentos quanto a possíveis impactos em comunidades indígenas, a usina ainda não saiu do papel. "O projeto não atinge terras indígenas", afirmou Bucco, acrescentando que os impactos ambientais foram reduzidos no novo projeto. "A barragem será reduzida, ela praticamente apenas pereniza a cheia natural do rio. Será uma usina a fio d’água", disse.
Segundo Bucco, o projeto que está sendo elaborado prevê a construção da usina em duas etapas, cada uma com potência de 5,5 mil MW. De acordo com técnicos da Camargo Corrêa, a primeira etapa tem condições de ser concluída em cinco ou seis anos depois da licitação.
O executivo disse que a Camargo Corrêa deverá entrar na disputa pela concessão da hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (RO). O leilão dessa usina, de 3,3 mil (MW), está programado para maio. A construtora já havia participado da licitação da outra usina do Rio Madeira, Santo Antônio, com potência de 3,150 mil MW, que foi arrematada no ano passado pelo consórcio liderado por Furnas e Odebrecht.
SERRA DO FACÃOO diretor da Camargo Corrêa acompanhou ontem, na cidade goiana de Catalão, a explosão de parte da margem do Rio São Marcos, cujo curso foi desviado para que a construtora possa erguer a barragem da usina de Serra do Facão. Com potência de 210 MW, suficiente para abastecer uma cidade de 1 milhão de habitantes, a hidrelétrica de Serra do Facão faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Apesar de ter sido licitada em 2001, a obra só começou em fevereiro do ano passado, por causa de questões ambientais e societárias.
Segundo o superintendente de Projetos da Camargo Corrêa, Luiz Carlos Martins, a primeira das duas turbinas de Serra do Facão deverá começar a gerar energia em maio de 2010. A segunda máquina deve entrar em operação em julho do mesmo ano.
Para mudar o curso do rio foi usada meia tonelada de explosivos. A água foi desviada para um túnel cavado na rocha. A intenção é criar uma área seca no leito do rio, onde será construída a barragem. Quando a barreira de concreto estiver concluída, o túnel será fechado e a água, represada.
Segundo Bucco, a construção da usina demandará investimentos de R$ 880 milhões. A obra mobiliza 1.500 trabalhadores. O consórcio que está investindo no empreendimento é formado por Furnas (49,5%), Alcoa (35%), Departamento Municipal de Energia de Poços de Caldas (10%) e Camargo Corrêa Energia (5,5%).
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O Estado de S.Paulo, 03/03/2008)