Já faz algum tempo que muito se fala em febre amarela, Aids, malária e outras doenças. São páginas de jornal, revistas e propagandas recheadas de informações alertando e educando à população para a questão. Porém, muito pouco se divulga sobre a tuberculose. É importante lembrar que entre 1976 e 1980 os índices decresceram, mas, por volta de 1990 o número aumentou. Caso o panorama se mantivesse, hoje teríamos um percentual bem menor.
Entre os fatores responsáveis por isso destacam-se: o surgimento da HIV/AIDS no Estado, em 1988, seguido de sua expansão epidêmica e do aumento dos casos pela co-infecção HIV/tuberculose; o empobrecimento da população, já que esta é uma enfermidade muito relacionada às más condições de moradia e alimentação, além da acelerada emancipação de muitas cidades e da introdução do SUS na década de 1990.
Dados do Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul (CEVS) revelam que aproximadamente cinco mil pessoas por ano são infectadas com esse vírus, além de causar em média trezentas mortes durante o período. Homens entre 19 e 35 anos são a maioria. Visando a diminuir o número de casos, foi criado um Fundo Global contra a tuberculose. Trata-se do maior financiador internacional de projetos para esta enfermidade, dispondo de recursos de US$ 10 bilhões destinados a cerca de 140 países. Nos próximos quatro anos haverá uma série de medidas conjuntas entre o governo federal, estadual e municipal, além de ações específicas em cada local.
Para Carla Jarczewski, médica pneumologista e coordenadora estadual do Controle de Tuberculose "para as ações darem certo devem ser contínuas e descentralizadas". "A idéia de todo o País é que possamos trabalhar junto com as equipes do Programa de Saúde da Família (PSF) e com o DST/Aids", acrescenta.
O PSF, que existe há quinze anos, ultrapassou em fevereiro a cobertura de 50% da população do País, garantindo assistência médica para 93 milhões de brasileiros. São equipes de médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários que dão atenção integral às pessoas.
A tuberculose se apresenta na maioria dos casos como uma enfermidade pulmonar, mas qualquer órgão pode ser atingido pelo bacilo de Koch, causador da doença. Devido ao fato de ser transmitida pelo ar, a família do enfermo e a comunidade em que ele vive também são bastante atingidas. Em função dessas características, torna-se necessário um controle mais rigoroso e é por isso que o CEVS começa a trabalhar em uma nova proposta. Trata-se de procurar o doente dentro do local onde ele vive e tentar fazer relação de nexo casual entre um paciente e outro.
Muitas vezes, a tuberculose é diagnosticada como outra enfermidade. É comum as pessoas tossirem e tratarem dos sintomas como pneumonia ou outras infecções respiratórias. O ideal seria que todos tivessem acesso ao sistema de saúde e fizessem a baciloscopia do escarro, exame mais importante, no qual se coleta o material expelido pela boca para analisar o bacilo causador. Outro impedimento é a duração de seis meses do tratamento, no qual são fundamentais evitar o consumo de bebidas alcoólicas, manter a casa bem ventilada e a boa alimentação.
(Por Luciana Garofalo Fagundes, JC-RS, 03/03/2008)