Fumaça, mau cheiro, despejo de dejetos a céu aberto são algumas das reclamações dos moradores do bairro Jardim Novo Horizonte, na Zona 2, em Maringá, município localizado no noroeste do Paraná. Todas essas reclamações, segundo os moradores, têm um único responsável: a Palmali Industrial de Alimentos, empresa que fabrica produtos embutidos, como lingüiças e presunto.
O complexo industrial, instalado desde a década de 1970, antes era o Frigorífico Central. Com a falência da empresa, seus lotes foram divididos e arrematados e, em 1995, se instalou no local a Palmali. A empresa fez algumas mudanças nas instalações, porém, apesar de não haver mais abate de animais na área, continuou utilizando a caldeira e as lagoas do antigo frigorífico.
A caldeira, que segundo os moradores emite muita fumaça, e as lagoas que recebem a céu aberto os dejetos da empresa, causam transtornos à população local. “O mau cheiro exalado é insuportável”, reclama o morador José Aparecido Ribeiro. Ele conta que a população está indignada, pois esse problema ocorre há anos e as autoridades não tomam providências.
Em 2007, o IAP (Instituto Ambiental do Paraná) fez uma consulta ao Município, a partir da qual se constatou que a ZR2 e a ZR3 são áreas de uso estritamente residencial, negando assim a renovação da licença de funcionamento da empresa. A Palmali foi multada e o Ministério Público entrou com ação para que seja feito um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), com subseqüente encerramento de suas atividades e transferência.
“Até a desativação total da indústria, que deve ser de forma gradual, devem ser feitas algumas adequações como a diminuição da caldeira, a eliminação das lagoas e a implementação de um sistema compacto de tratamento de efluentes, com lançamento no emissário da Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná)”, explica a AmbienteBrasil Paulino Mexia, chefe regional do IAP. Segundo ele, deve haver uma programação para a retirada da indústria do local com a participação do Ministério Público e da Prefeitura de Maringá.
O outro ladoDe acordo o diretor da Palmali, André Luiz Figueira, a empresa está disposta a fazer essas adequações em até 90 dias, mas precisa de um prazo maior para a transferência das atividades.
“A cidade cresceu em torno da indústria. Hoje a Palmali emprega 750 funcionários e temos interesse em sair daquela região, porém precisamos de tempo”, diz. “Ajuizamos uma proposta no IAP em que pedimos um prazo de 60 meses para que a empresa saia definitivamente da Zona 2.”
A Zona 2 é uma área nobre da cidade, muito próxima ao centro e que atrai grandes interesses imobiliários. A atividade industrial naquela região contribui também, portanto, para a desvalorização dos imóveis.
“A empresa não atende a legislação ambiental. A população não pode ser prejudicada”, afirma Paulino Mexia. Segundo ele, o instituto está trabalhando para chegar a um acordo o mais breve possível.
Durante esta semana, a proposta da Palmali deve ser discutida com o promotor de Defesa do Meio Ambiente, Manoel Ilecir Heckert, do Ministério Público do Paraná.
(
Ambiente Brasil, 03/03/2008)