Decisões recentes do governo transformam em ações práticas a cansativa retórica de que é preciso fazer algo para evitar a destruição da Amazônia. A primeira e mais conseqüente dessas medidas foi a mobilização de 800 homens da Polícia Federal, da Polícia Militar e da Força Nacional de Segurança Pública que atuam nos 36 municípios que mais devastaram a floresta no ano passado. Outra iniciativa bem-vinda determina, por deliberação do Conselho Monetário Nacional, o corte de financiamentos bancários de proprietários que derrubam árvores sem nenhum controle, para expansão desordenada da agropecuária. E a terceira providência deflagrou a formação de um grupo permanente do Exército que acompanhará o trabalho de fiscalização na Amazônia.
Caracterizada como atividade criminosa, a devastação da maior floresta do mundo é vergonhosa para o Brasil. O argumento de que a derrubada recorde do ano passado é feita em nome da expansão a qualquer custo da fronteira agrícola, em decorrência da valorização de produtos como a soja, é primitivo e descabido. Como afirmou a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, a questão da Amazônia deve ter enfoque econômico, por envolver o extrativismo, abordagem ambiental e também tratamento como caso policial e de Justiça, ou todos os problemas que a envolvem terão tratamento parcial.
A própria ministra identifica as ações recentes do governo como a inauguração de atitudes que podem levar à exploração racional da floresta, como já vem sendo feito por empresas comprometidas com a responsabilidade ambiental. São esses exemplos, de grupos que se preocupam em repor o que tiram da floresta, que devem nortear uma política governamental para a região. Estancar a derrubada ilegal da floresta significa preservar sua rica biodiversidade e oferecer, especialmente aos jovens, a perspectiva de salvação de um patrimônio que não é apenas brasileiro, mas da humanidade.
(Zero Hora, 02/03/2008)