Preservação de santuários é a justificativa para os investimentosPreservar os lugares mais bonitos e ecológicos do mundo pode ser fácil e barato.
Centenas de websites chamam pessoas para comprar florestas, campos e montanhas para salvá-los da destruição e das mudanças climáticas com o clique do mouse. Se você tem boas economias, fica ainda mais fácil.
Sueco que assessora o primeiro ministro britânico, Gordon Brown, em assuntos ambientais, John Eliasch comprou 1,6 mil quilômetros quadrados de floresta na Amazônia por R$ 27,6 milhões em 2006 e agora busca parceiros para ajudá-lo a comprar pedaços de terra no Brasil e no Equador. Sua instituição, a Cool Earth, pede R$ 240 por um acre (0,4 hectare) e já gerou protestos do governo brasileiro, que classificou Eliasch como um "ecocolonizador".
O sueco e um grande número de websites de conservação fazem parte de uma nova tendência mundial. A iniciativa privada agora é a maneira preferida para salvar o ambiente.
- Este é um novo modelo de conservação. A única maneira de fazer (a conservação) acontecer com o tempo é comprar a terra de vendedores dispostos - afirma Kim Vacariu, que trabalha com o projeto Wildland nos EUA.
Conservação desperta indignação em países pobresOs compradores com mais fundos são mais bem recebidos em países ricos porque mantêm ou aumentam o preço de mercado da terra. Nos países pobres, eles são freqüentemente recebidos de maneira diferente: com medo e hostilidade.
Conservacionistas estrangeiros têm um histórico terrível em países em desenvolvimento. Primeiro, os colonizadores tomaram o controle dos países e das suas comunidades para extrair seus recursos. Então, os conservacionistas vieram e fizeram exatamente a mesma coisa - com a intenção de salvar o ambiente.
Dezenas de milhares de pessoas têm sido desalojadas em nome de estabelecer reservas naturais e outras áreas protegidas no mundo em desenvolvimento. Muitas delas são proibidas de caçar, cortar árvores, extrair pedras, introduzir novas plantas ou qualquer outra coisa que ameace os animais ou o ecossistema.
- A conservação agravou imensuravelmente as vidas dos nativos por toda a África - afirma Simon Colchester, diretor do Forest Peoples Programme.
Suas pesquisas documentam expulsões, violações dos direitos humanos e destruição do sustento das pessoas como resultado direto da conservação na região. Um dos piores incidentes foi nos anos 1990, quando a tribo de pigmeus que vivia nas florestas equatoriais baixas, na fronteira da República Democrática do Congo, teve suas terras designadas para um parque nacional para proteger gorilas. Desalojados, os pigmeus são encontrados vivendo na periferia do parque.
Agora que há uma explosão de indivíduos, instituições, consórcios e grupos de conservação comprando fazendas, campos, colinas e florestas, muitos estão preocupados que uma nova onda de "ecocolonização" esteja sendo desencadeada.
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Zero Hora, The Guardian, 02/03/2008)