O Governo está a estudar a viabilidade financeira de um sistema de reciclagem nacional de fraldas descartáveis, já que toneladas destes resíduos são todos os dias depositadas em aterros, onde podem resistir 500 anos, ou queimadas em incineradoras.
Com excepção dos distritos de Lisboa e Porto, onde as incineradoras da Valorsul e Lipor queimam o lixo doméstico, e de pequenos sistemas de tratamento do lixo como o do concelho de Oeiras, no resto do país o destino das fraldas são os aterros, onde podem demorar 500 anos a deteriorar-se.
Dados da Valorsul indicam que os têxteis sanitários (fraldas, pensos higiénicos) representam cerca de cinco por cento da totalidade dos resíduos sólidos urbanos recebidos pelos carros de lixo de recolha indiferenciada. "Dentro desses cinco por cento, podemos afirmar que a maior parte são fraldas", afirmou fonte da Valorsul, que trata o lixo dos concelhos da Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira.
Os últimos estudos internacionais sobre as fraldas, consideradas um dos piores resíduos domésticos, indicam que cada bebé usa cerca de cinco mil fraldas nos primeiros dois ou três anos, o que corresponde a cerca de uma tonelada de resíduos.
A sua colocação em aterro é um problema ambiental que vários países têm evitado, recorrendo à instalação de centros de reciclagem que, à semelhança da Sociedade Ponto Verde que recolhe as embalagens, recolhe as fraldas e recicla o plástico e pasta de papel que as compõem.
"A possibilidade de instalar unidades de reciclagem de fraldas está a ser alvo de um estudo de viabilidade económica e financeira que deverá estar concluída no final deste semestre", afirmou fonte do Ministério do Ambiente. Há já uma empresa interessada no negócio, que desde há dois anos aguarda regulamentação e autorização parta instalar três unidades de reciclagem, um negócio que promoveu recentemente em Espanha.
Por definir está a forma como poderão ser recolhidas as fraldas, se colocando ecopontos em locais específicos (como creches ou maternidades) ou fazendo a recolha porta-a-porta.
Aura Carvalho, da Tecnoexpor, empresa que está a tentar trazer a tecnologia para Portugal, explica que as fraldas descartáveis têm um baixo valor calórico para incineração e que a sua tecnologia pode retirar por completo as fraldas descartáveis dos aterros. A tecnologia, desenvolvida pela empresa Knowaste, mas divulgada pela Tecnoexpor, desinfecta e separa todos os componentes das fraldas - a pasta de papel, o plástico - e transforma-os em produtos reciclados, como telhas, solas de sapatos ou papel de parede.
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Lusa, 02/03/2008)