O jornal paraguaio "Abc Color" afirmou sexta-feira (29/02) que os tratados que regem o funcionamento das hidrelétricas administradas pelo país com Brasil (Itaipu) e Argentina (Yacyretá), ambas sobre o Rio Paraná, "são uma afronta a qualquer tentativa de integração verdadeira entre povos irmãos".
Em seu editorial reproduzido na primeira página, o jornal destacou que os acordos de construção, assinados há 35 anos durante as ditaduras que imperavam nos três países, constituem "vergonhosos atropelos de dois países grandes e fortes contra outro pequeno e fraco".
Com relação a Itaipu, a maior hidrelétrica em funcionamento do mundo, afirmou que o Governo militar brasileiro "assinou com o ditador Alfredo Stroessner o tratado imperialista, de cujas supostas virtudes os governantes tentaram convencer os paraguaios e os atuais ainda procuram fazer".
Especialistas paraguaios do setor, além do próprio Governo de Nicanor Duarte, insistiram em renegociar o tratado para ajustar o preço da energia não consumida pelo Paraguai e cedida ao Brasil, e reestruturar a dívida da construção de Itaipu, em sua maior parte com a estatal brasileira Eletrobrás.
O acordo de construção da hidrelétrica dividiu em partes iguais a produção de energia, não prevê a venda a terceiros países e estabelece que o excedente de um deles deve ser aproveitado pelo outro, ao custo de produção.
Por isto, o Paraguai cede a maior parte de sua energia abaixo dos preços de mercado, segundo vários setores nacionais, que também reivindicam a anulação de parte da dívida de Itaipu, de cerca de US$ 20 bilhões, contraída em sua grande maioria com a Eletrobrás.
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EFE, 29/02/2008)