A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) divulgou nota na qual elogia a declaração favorável à redução de tarifas sobre o etanol brasileiro, feita hoje presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados), Ben Bernanke. De acordo com a entidade que representa os usineiros do Centro-Sul do Brasil, maior região exportadora do combustível, os comentários "representam uma postura extremamente positiva que vai muito além de questões puramente econômicas".
A Unica informou que a posição de Bernanke "é a favor da energia limpa e renovável, apóia a luta contra o aquecimento global e desafia a lógica distorcida que prevalece mundialmente, que taxa os biocombustíveis, ao mesmo tempo que permite o livre trânsito dos combustíveis fósseis, sem barreiras comerciais ou de qualquer natureza", segundo a nota. O etanol brasileiro é taxado 56,5% para chegar aos Estados Unidos.
O presidente da Unica, Marcos Sawaya Jank, informou, por meio da entidade, que "este seria o tipo de medida que, se adotada, serviria de exemplo para que outros países e regiões do mundo assumam compromissos concretos com os biocombustíveis, para que o setor possa se desenvolver mundialmente de forma ordenada, produtiva, e com o essencial equilíbrio pela produção de alimentos e de combustível".
Preços
Bernanke fez seus comentários sobre a redução da tarifa do etanol brasileiro ao participar de reunião do Comitê Bancário do Senado norte-americano. Ele afirmou que é difícil definir até que ponto a demanda por etanol está influenciando o preço dos alimentos nos Estados Unidos, mas ponderou que "uma parcela significativa do milho produzido no país está sendo direcionada para o etanol, e isso aumenta os preços do milho".
"O setor sucroalcooleiro brasileiro está pronto para ampliar o fornecimento de etanol aos Estados Unidos, sem qualquer risco de expansão da produção de cana para regiões sensíveis do País ou de prejudicar o mercado interno. O Brasil também pode fornecer tecnologia, para que mais países adotem esta opção que evidentemente é viável e limpa", concluiu Jank.
(Gustavo Porto, Agência Estado, 28/02/2008)