A zona sul de Porto Alegre ganhará um mirante nada convencional
Enquanto se observa o pôr-do-sol, sob os pés dos espectadores, dentro das duas torres de 26 metros de altura cada, será bombeado parte do esgoto da Capital.
Localizada na Avenida Diário de Notícias, a obra do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) faz parte do Programa Integrado Socioambiental (Pisa), que pretende ampliar a capacidade de tratamento do esgoto da cidade de 27% para 77% até 2012.
O projeto também inclui a ligação da estação de bombeamento da Ponta da Cadeia, na Usina do Gasômetro, a uma nova estação de tratamento, a ser construída no bairro Serraria, a partir do segundo semestre desse ano. Serão 17 quilômetros de tubulação que, para evitar o caos de obras subterrâneas, terá um trecho de sete quilômetros passando por dentro do Guaíba. Uma obra ousada e ambiciosa, mas viável, de acordo com o diretor-geral do Dmae, Flávio Presser.
- A cidade tem um índice de tratamento abaixo da média nacional. Uma situação precária que precisa ser convertida - afirmou, ontem à noite, em reunião com a comunidade da Zona Sul, no clube Veleiros do Sul.
Além do mirante, será erguida uma outra chaminé de equilíbrio, como são chamadas as construções, na Usina do Gasômetro. Esta terá nove metros e o mesmo objetivo das torres da Zona Sul: impedir a entrada de ar na tubulação quando houver falta de energia.
A paralisação temporária do bombeamento de esgotos provoca vácuo no tubo, o que poderia murchar ou emergir, no caso do trecho subaquático. O esgoto armazenado na chaminé desceria por força da gravidade impedindo a formação do vácuo.
Atrasada em pelo menos cinco anos, a construção das torres foi a alternativa encontrada para cumprir a meta da Organização das Nações Unidas (ONU) de reduzir em 50% o déficit em abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto.
Em 2003, moradores da zona sul da Capital mobilizaram-se contra a construção de uma câmara de carga (complexo de captação e distribuição de esgotos) na Avenida Wenceslau Escobar. O principal receio da comunidade era o mau cheiro, risco inexistente no novo projeto, garante Presser:
- Todos os gases serão captados e tratados antes do lançamento na atmosfera. Não haverá mau cheiro. Para provar, convidamos os porto-alegrenses a subir no topo do mirante - salientou.
(Zero Hora, 29/02/2008)