A transformação das florestas de uma província da Indonésia em plantações destinadas à produção de pasta de celulose ou de óleo de palma gera uma quantidade de gases causadores do efeito estufa tão grande quanto a de um país como a Holanda, de acordo com um estudo divulgado nesta quarta-feira em Jacarta.
Especialistas do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e da Universidade de Hokkaido realizaram uma pesquisa na província de Riau, no centro da ilha de Sumatra, onde 4,2 milhões de hectares de florestas tropicais, principalmente turíferas, foram destruídos em 25 anos.
Sua conclusão é de que o desmatamento que é responsável pelas emissões anuais de gases causadores do efeito estufa equivalem a 122% das emissões anuais da Holanda, 58% das da Austrália, 39% das da Grã-Bretanha ou 26% das da Alemanha. Se esta conversão das florestas não for detida, mais estragos serão causados ao meio ambiente pelos gases responsáveis pelo aquecimento global, e os últimos tigres e elefantes selvagens de Sumatra desaparecerão, advertem em um relatório.
"A província de Riau possui as taxas de desmatamento mais elevadas da Indonésia, em grande parte devidas às atividades das gigantes da celulose Asia Pulp and Paper (APP) e Asia Pacific Resources International Holdings Limited (APRIL)", menciona o relatório. A APP e a APRIL, companhias de Cingapura, são constantemente acusadas pelos ambientalistas de destruir as florestas naturais da Indonésia para produzir papel, ameaçando as espécies em extinção.
As florestas turfeiras, um ecossistema existente principalmente na Indonésia, são verdadeiras bombas climáticas quando são queimadas ou destruídas para se tornarem terras cultiváveis.
Um estudo da ONG Wetlands International e do instituto holandês Delft Hydraulics concluiu que as florestas turfeiras emitem 2 bilhões de toneladas de CO2 por ano, ou seja, 8% das emissões globais. Ainda segundo a Wetlands, os anos 1997, 1998 e 2002, marcados por vastos incêndios em 1,5 a 2,2 milhões de hectares turfeiras em Sumatra e Bornéu, fizeram com que a Indonésia emitisse até 40% do CO2 mundial.
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AFP, 28/02/2008)