Eles reclamam do cheiro que fica nas roupas e do ressecamento nos olhos
Moradores do Arroio da Manteiga, na localidade de Santa Ana, fecharam a Rua Quimisinos por alguns minutos, na manhã de ontem. O protesto, em frente aos portões de uma empresa que trabalha com a fundição de alumínio reuniu 35 pessoas, na maioria crianças, que convivem diariamente com a fumaça produzida pela indústria. A empresa atesta que o problema deverá ser resolvido ainda na semana que vem, após o recebimento de peças de reposição para uma máquina defeituosa, apontada como a causa do problema.
Os moradores reclamam do mau cheiro que fica nas roupas estendidas no varal e apontam sentir o ressecamento dos olhos durante o dia. Alguns afirmam ainda sofrerem de problemas respiratórios surgidos após a instalação da empresa e demonstram preocupação com eventuais efeitos futuros sobre o organismo que a fumaça pode causar.
A organizadora do movimento de protesto, comerciante Ilda da Silva de Souza, 54 anos, diz que as reclamações feitas pela comunidade foram muitas, há meses, e que até hoje nada foi feito para reduzir a fumaça emitida pela empresa. De acordo com os moradores, é por volta das 6 horas que a fumaça é mais densa e toma conta da vila Santa Ana. “Vivemos com a fumaça cobrindo a vila todos os dias’’, reclama o pedreiro Adão Eri dos Santos, 59.
A empresa atesta que o problema se deve a um defeito em um equipamento que filtra os gases produzidos em seus fornos. Segundo o engenheiro Nilson Antônio Dellagustin, responsável pela empresa, o defeito é inesperado, já que o prazo de garantia da máquina, comprada há pouco mais de um ano, ainda não se encerrou.
Dellagustin garante que o defeito será corrigido a partir de segunda-feira, assim que a empresa receber o restante das peças de reposição necessárias à reforma. Parte do material já foi entregue à indústria. Ainda segundo o engenheiro, a reparação do defeito deverá levar pelo menos três dias para ser concluída. Dellagustin justificou a persistência da fumaça afirmando que não é possível parar a produção, mas garantiu que as vedações necessárias foram realizadas no equipamento defeituoso.
Segundo o fiscal da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semmam) de São Leopoldo Eduardo Mattes, uma vistoria deverá ser realizada na empresa ainda hoje. O servidor criticou a manutenção da produção com o equipamento defeituoso, afirmando que a medida não é permitida. Ainda segundo o fiscal, caso sejam encontradas irregularidades na empresa durante a ação de fiscalização de hoje, uma notificação ou até mesmo um auto de infração deverá ser entregue aos responsáveis.
(Jornal VS, 29/02/2008)