Prestes a completar um ano, o Plano de Irrigação da Secretaria Extraordinária de Irrigação no Rio Grande do Sul mostra resultados tímidos. O Plano foi lançado em Março do ano passado, com o objetivo de reduzir os efeitos da estiagem no Estado.
O titular da Secretaria, Rogério Porto, avalia que o maior êxito do Programa, até agora, foi a capacitação. De acordo com ele, foram capacitados 11,6 mil agricultores em 296 municípios, além do treinamento de 839 técnicos em irrigação e construção de açudes. No entanto, o maior problema tem sido a falta de recursos.
“O Estado do Rio Grande do Sul, para fazer um bom programa, com uma grande repercussão, necessitaria um investimento da ordem de 2 a 4 bilhões de dólares (R$ 3,5 a R$ 7 bilhões de reais). Nós não temos esse dinheiro. Então, a gente vai ter que usar a imaginação para fazer programas de parcerias público-privadas”, afirma.
Até 2010, o Estado irá liberar R$ 1,4 milhão de reais para a Secretaria, sendo que R$ 600 mil devem ser investidos ainda este ano. O órgão deve contar, ainda, com investimentos de R$ 88 milhões do governo federal para a construção das barragens de Taquarembó entre os municípios de Dom Pedrito e Lavras do Sul, e de Jaguari, entre São Gabriel e Lavras do Sul. As duas obras vão permitir a irrigação em 80 mil hectares e devem ser licitadas em Abril.
O governo pretende ainda, para este ano, obter o licenciamento ambiental para a construção de 180 mil microaçudes, com capacidade para irrigar 400 mil hectares. Além disso, prevê a construção de nove barragens só no Rio Santa Maria, que devem ser transformadas em Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) para a geração de energia.
O coordenador do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Aurio Scherer, no entanto, considera o programa de irrigação do governo inviável. De acordo com ele, o custo de retirar água do solo é muito alto, e o Estado já demonstrou que não tem recursos para esse tipo de investimento. Ele se mostra, ainda, cauteloso com a idéia das parcerias público-privadas para a construção dos açudes.
“Nós vamos cobrar providências e, acima de tudo, ficar alerta, porque temos a grande desconfiança de que foi criada essa estrutura, diferente do discurso de campanha, que o pano de fundo seja a privatização das águas, a privatização do subsolo do Estado do Rio Grande do Sul”, diz.
Para Scherer, o governo deve investir em programas de armazenamento de água das chuvas, através de cisternas e microaçudes, desde que o custo seja baixo e esteja ao alcance dos pequenos agricultores. Até o momento, a Secretaria ainda não construiu nenhum microaçude.
(Por Patrícia Benvenuti,
Agência Chasque, 29/02/2008)