Cerca de 10% das 180 mil exportadas para o Líbano não resistem à viagem de 23 dias pelo mar.
Em torno de 10% das cerca de 180 mil cabeças de gado vivas que a indústria exportadora de carne brasileira envia a cada ano ao Líbano para o consumo em países árabes morre durante os 23 dias que dura a travessia em navios mal acondicionados, denunciaram hoje organizações de defesa dos animais.
A denúncia faz parte da nova campanha da ONG Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA), cujos representantes brasileiros disseram à Agência Efe que as mortes acontecem porque os animais enfrentam temperaturas extremas e são pessimamente acondicionados em navios não preparados para este tipo de transporte.
Durante os primeiros quatro dias, os animais não recebem alimento nem água, não têm espaço para se movimentar e sofrem grandes crises de estresse porque, amontoados uns ao lado dos outros, acabam ficando agitados e se ferem, segundo os promotores da campanha.
A viagem é ainda pior para os animais que provêm das fazendas do sul do Brasil porque, além dos 23 dias de navio, devem suportar outros três ou quatro dias de viagem em escuros caminhões.
Os representantes da ONG explicaram à Efe que o gado passa por "situações críticas" durante seu transporte, que poderiam ser evitadas com a utilização de técnicas já existentes, que permitem que a carne, caso o animal seja sacrificado ainda em território brasileiro, chegue em "melhores condições".
Os veterinários da WSPA asseguraram a existência de estudos que demonstram que as longas travessias "diminuem a qualidade da carne" e, além disso, transportar os animais vivos "também reduz os lucros do produtor".
Além disso, as viagens em navios que não cumprem os requisitos necessários aumentam a disseminação de doenças, não só entre o gado, mas também em seres humanos.
Os membros da WSPA explicaram que "se o transporte de animais vivos fosse feito nas condições necessárias", não compensaria economicamente exportar gado com vida.
Os representantes argumentaram também que este tipo de negócio continua porque a exportação de animais vivos não paga impostos.
(EFE, 29/02/2008)