A cada 24 horas, 900 gramas de lixo são produzidos por pessoa. Isso significa que, em um ano, você produz em média quase 330 quilos de dejetos. Multiplique esse número pela população de sua cidade e você vai entender a extensão do problema. E isso que nem estamos levando em conta os resíduos industriais e hospitalares.
É uma verdadeira montanha de lixo todos os dias. Com o aumento do consumo humano, em pouco tempo não haverá mais onde colocar tanta coisa. Parece alarmista, mas não é. Na cidade italiana de Nápoles, por exemplo, o lixo se tornou o protagonista de uma grave crise. Ao sair de casa, os napolitanos precisam enfrentar as ruas tomadas por sacos com todo tipo de detrito, porque faltam terrenos para abrir aterros sanitários. Ruim para o turismo, para o ambiente e para a saúde.
O Rio Grande do Sul pode estar a milhares de quilômetros de distância, mas é preciso ligar o alerta vermelho. E antes de culpar o governo por todos os males, pense que é em você que começa o processo. Se cada cidadão mudar certas atitudes, será mais fácil reverter a situação.
Regra número 1: antes de comprar, reflita. Preciso mesmo do objeto?
Regra número 2: reaproveite. Será que não tenho nada guardado em casa que resolva meu problema?
Regra número 3: repasse. O que posso fazer com o que não quero mais?
As respostas podem surpreendê-lo. Além de ter um enorme impacto positivo nos resíduos que você produz, em alguns casos o reaproveitamento é até lucrativo.
Os números
- De outubro de 2007 a janeiro de 2008, 3.058 toneladas de lixo reciclável foram recolhidas em Porto Alegre.
- A comercialização desse material gerou R$ 1,260 milhão.
- Catadores faturam R$ 120 por semana na venda dos materiais.
- O lixo seletivo recolhido na Capital é composto de:
Papel - 47,6%
Plásticos - 23,2%
Vidro - 22%
Sucatas metálicas - 3,5%
Você sabia?
- Se não há coleta seletiva do DMLU em seu condomínio, você pode cadastrá-lo e ajudar no processo de reciclagem. Basta telefonar para (51) 3289-6866.
Fonte: Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU)
Reconstruindo
O professor Demétrio Guadagnin, do curso de pós-graduação em Biologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), reformou parte de sua casa, na Capital, com as sobras de paredes e aberturas que iriam para o entulho.
- A construção civil tem muito impacto na cidade, cerca de 50% do lixo. Falta uma rede eficiente de reaproveitamento desse tipo de resíduo - avalia.
Além de ser uma atitude ecologicamente correta, a estrutura reciclada ganha um aspecto rústico. Só não é mais popular devido à resistência de alguns profissionais da área, acredita Guadagnin.
Chique é reaproveitar
O arquiteto Rogério Pandolfo é uma exceção. Ele faz questão de reaproveitar objetos para dar um toque personalizado aos espaços. Pandolfo está sempre à procura de objetos que possam deixar o lixo com cara de luxo. Já fez almofadas com plástico-bolha, divisórias com fitas métricas e dedais, pórtico com canudinhos, forrou paredes com carretéis de linhas, além de outras invenções.
- Daqui a algum tempo, acho que será obrigatório que todos os produtos tenham metade de sua matéria-prima reciclada - ressalta.
Quem pensa que é difícil deixar o lar despojado com objetos que seriam descartados engana-se. O arquiteto conta que dois dos telefones que enfeitam sua sala foram encontrados em um ferro-velho. Dia desses, ainda achou uma mala na calçada, antes que fosse engolida pelo caminhão da coleta.
lixo.com
O diretor da divisão de Projetos Sociais, Reaproveitamento e Reciclagem do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), Jairo Armando dos Santos, diz que tem gente que descarta até roupas e sapatos.
Quando bater a vontade de agir assim, analise se o que deixou de ser útil para você não pode servir para outra pessoa. A estudante Fernanda Corrêa do Nascimento, 17 anos, de Cachoeirinha, criou uma forma inusitada para fazer com que suas roupas circulassem. Lançou um brechó virtual. Ela vende ou troca uma média de duas a três peças por mês. Desde julho passado, Fernanda fez negócio até com clientes de outros Estados. Mesmo que você não queira montar uma loja como a dela (hiltonshop.blogspot.com), Fernanda sugere:
- Em vez de colocar no lixo, dê a quem precisa, customize, faça coisas novas.
(Zero Hora, 28/02/2008)