Em cada ação dos fiscais e agentes da Operação Arco de Fogo nas madeireiras do município paraense, forma-se um conjunto de moradores que acompanham com atenção e curiosidade os fatos. Estão sempre abertos a conversas, mas muitos se negam a dar entrevistas formais e revelar nomes. Os que topam reclamam dos efeitos que a fiscalização terá na economia local.
"Como vai ficar a população de Tailândia?", questionou Daniel Monteiro, 48 anos, corretor de vendas de madeira. "Nossa renda está na madeira e não há outros meios para sobreviver. Fico imaginando a cidade daqui a uns 45 dias, todo mundo desempregado. Hoje estou à-toa olhando para o tempo", acrescentou.
O vendedor de polpa de frutas Arlindo Cassimiro da Silva manifestou solidariedade aos conterrâneos. "Tem muitos pais de família, com vários filhos, que dependem do setor madeireiro. A criança vai pedir comida e vai chorar amargamente. Nosso pão vem da providência de Deus, mas a comunidade precisa trabalhar", argumentou o morador, que é evangélico.
Silva defendeu que a prefeitura e o governo do estado trabalhem pela instalação de indústrias em Tailândia, para gerar empregos permanentes para a população. "Não adianta só tirar madeira. Onde tira e não se coloca, se acaba. Também tem que gerar alguma coisa para o povo. Até agora não vi isso, para o pessoal ficar tranqüilo", disse.
O governo do Pará já manifestou a intenção de leiloar a madeira apreendida em Tailândia e se comprometeu aplicar no mínimo 50% dos recursos arrecadados em ações sociais voltadas aos trabalhadores que perderem postos de trabalho na cidade. A prefeitura de Tailândia estima que 70% do dinheiro que circula na cidade venha da madeira.
(Amazonia.org, 28/02/2008)