Os problemas referentes ao desenvolvimento da Amazônia e as políticas necessárias para frear o desmatamento foram os principais temas discutidos no Fórum Amazônia, realizado ontem (28/02) em São Paulo. O debate, organizado pelo jornal O Estado de São Paulo, contou com a participação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e do Secretário do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, Virgílio Viana. Foram apresentadas propostas e políticas, públicas e privadas, que possam levar a um desenvolvimento sustentável na região.
Viana vê a atual situação na floresta com otimismo, devido às conquistas e avanços ambientais na região, como a redução da taxa de crescimento do desmatamento, que seria hoje equivalente a um terço da década passada. "Apesar disso, é necessário ter cautela para que não aconteça na Amazônia uma devastação similar a da Mata Atlântica ou de outros biomas", argumentou o secretário.
Segundo Viana, "o desmatamento não ocorre por estupidez, mas segue uma lógica, a idéia de que só é possível gerar desenvolvimento econômico derrubando a mata, e que só seria possível proteger a floresta se criarmos uma nova lógica, de desenvolvimento sustentável". Viana também defendeu o projeto que substitui rodovias na região amazônica, como a BR 319, por ferrovias, e criticou a legislação ambiental brasileira, considerada como exemplo mundial, mas que em alguns casos prejudica a legalização de trabalhos sustentáveis na Amazônia.
Marina Silva defendeu a legislação ambiental, argumentando que ela precisa apenas de alguns ajustes em casos específicos. A ministra expôs diretrizes nas políticas do ministério, relacionadas à participação e envolvimento da sociedade, o fortalecimento do sistema nacional de meio ambiente, o desenvolvimento sustentável e uma política ambiental transversal, que trabalhe ao mesmo tempo com diferentes ministérios e setores da sociedade.
"Combater as práticas ilegais não é sinônimo de combater o desenvolvimento econômico. É preciso um resgate das práticas legais", argumentou a ministra. Segundo Marina, é preciso substituir o manejo predatório da floresta por uma prática sustentável.
O debate contou também com a participação do ex-ministro Luiz Fernando Furlan, que apresentou a Fundação Amazonas Sustentável, e com perguntas e intervenções de repórteres do jornal O Estado de São Paulo. Após o debate, foi inaugurada a exposição de fotos "Amazônia sem retoques", que ficará aberta à visitação do público até dia 23 de março, no Museu Brasileiro de Escultura, em São Paulo.
(Amazonia.org.br, 28/02/2008)