Na opinião do deputado Dionilso Marcon (PT) o dito programa de irrigação de lavouras prometido nas eleições pela então candidata a governadora Yeda abastece apenas as manchetes de jornais, pois, na prática, não irrigou nem pé de alface. Segundo Marcon, dos 28 milhões previstos no orçamento 2007 para a Secretaria Extraordinária de Irrigação foram empenhados apenas 147 mil reais. Outro dado estranho, segundo Marcon, está na afirmação do governo Yeda que informa ter capacitado 9 mil agricultores para atuarem em irrigação. “È difícil acreditar que uma secretaria dita como prioritária para o governo Estadual investiu apenas 143 mil reais de um total de 28 milhões em 2007 e ainda tenha executado tantas capacitações com apenas esses recursos”, destaca Marcon.
Outro fato que a chama a atenção de Marcon é que até o momento o governo Yeda não mexeu na tributação estadual quem incide sobre equipamentos de irrigação, uma reivindicação histórica dos setores produtivos gaúchos. O deputado informa que para cada hectare são necessários no mínimo R$ 5 mil reais em investimento no modo irrigação por Aspersão e o investimento se torna inviável para a pequena propriedade. Segundo dados do IBGE – 2007 o Rio Grande do Sul possui mais de 4 milhões de hectares de soja cultivado, 1 milhão de hectares de arroz (já irrigado) e 1,3 milhão de hectares de milho. Marcon entende que o projeto anunciado na campanha eleitoral faz parte de mais uma promessa que não será cumprida, e que estiagem não se combate apenas com projetos mirabolantes, mas com vontade política de um governante.
Para o petista, enquanto os recursos federais não chegam, a governadora deveria fazer, pelo menos o básico para apoiar os municípios afetados pela estiagem, liberando linha de financiamento a juro zero e recursos extras para os locais atingidos. No total são 18 municípios que decretaram situação de emergência no Rio Grande do Sul, por causa da estiagem.
Fica evidente, segundo Marcon, que o Governo Yeda aposta todas suas fichas apenas na irrigação por inundação na cultura do arroz na região sul e sinaliza com pequenas cisternas e pequenos açudes em propriedades ambos dependentes de recursos federais. Entretanto, o grosso da produção (70% de soja e milho no Estado, concentra-se na região do Planalto e Norte gaúcho e estão fora da plano de irrigação do governo. O petista informa que no RS, a construção das barragems de Taquarembó em Dom Pedrito e Jaguari na divisa de Lavras do Sul e São Gabriel, deve beneficiar também os municípios de Rosário do Sul e Cacequi. Essas barragens estão na bacia do rio Santa Maria e tem investimentos previstos de R$ 88 milhões do Governo Federal (Ministério da Integração Nacional), Programa Pró Água Infraestrutura Hídrica, contrapartida do Governo do Estado de R$ 15 milhões e iniciativa privada R$ 20 milhões, totalizando R$ 123 milhões.
(Por Kiko Machado, Agência de Notícias AL-RS, 29/02/2008)