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2008-02-29
Em reunião, ontem (27/02), CMSE optou por esperar nível de represas subir mais

Apesar das chuvas intensas das últimas semanas, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) decidiu ontem manter ligadas, pelo menos até sua próxima reunião, em 19 de março, as termoelétricas acionadas no início do ano para economizar água nos reservatórios das hidrelétricas.

A decisão do CMSE frustrou as expectativas de que a reunião poderia determinar, pelo menos, o desligamento das usinas movidas a óleo, mais caras e poluentes. Desde que as chuvas voltaram, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, vinha anunciando que algumas térmicas poderiam ser desligadas no fim deste mês.

O próprio diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, admitiu na semana passada a possibilidade de abrir mão de parte das térmicas. Apesar disso, o secretário-executivo do ministério, Márcio Zimmermann, garantiu que a decisão do CMSE foi unânime.

Ele e Chipp explicaram que o comitê preferiu optar pela cautela no manejo das termoelétricas, para aguardar o fim do período chuvoso e assegurar um bom estoque de água nos reservatórios das hidrelétricas.

Também foi adiada a definição do chamado nível-meta de segurança dos reservatórios. Será estabelecido um patamar mínimo a ser alcançado pelos reservatórios em novembro, para evitar que se repitam, em 2009, os temores de janeiro passado, quando o atraso das chuvas fez ressurgir no mercado preocupações sobre um eventual racionamento de energia.

Chipp explicou que, uma vez que o nível-meta precisa ser melhor discutido e por março ser um mês de chuvas fortes, o CMSE optou por aguardar mais um pouco para definir o desligamento das térmicas. "É prudente esperar o término do período de chuvas para termos o maior nível possível dos reservatórios", reforçou Zimmermann, assegurando que a cautela do CMSE não está relacionada a uma possível exportação de energia para a Argentina.

Segundo Chipp, estão sendo gerados 3 mil MW em térmicas a gás, 1,3 mil MW nas usinas nucleares de Angra 1 e 2, 1 mil MW em termoelétricas a carvão e outros 1 mil MW em térmicas a óleo, totalizando 6,3 mil MW.

A expectativa é que o nível médio dos reservatórios das Regiões Sudeste e Centro-Oeste passe dos atuais 64,5% para 77% em março. No mesmo mês de 2007, o nível de armazenamento dos lagos atingiu 80%.

(Por Leonardo Goy, O Estado de São Paulo, 28/02/2008)

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