Estudo sobre construção de represa no Arroio Marrecas é contestado por comissão e consultoria ambiental
Araucárias e animais nativos seriam afetados com inundação de área no distrito de Vila Seca
Organizados e reunidos em comissão, moradores do entorno do Arroio Marrecas se mobilizam para evitar o que eles consideram um "absurdo ambiental". A intenção é evitar que o projeto de construção de uma represa de captação saia do papel sem a certeza de que o local é apropriado para inundação.
A comissão contratou uma empresa especializada para reavaliar as condições do entorno do Marrecas. Sérgio Araújo, responsável técnico da Vitória Consultoria Ambiental, está com o estudo em andamento. A equipe dele foi a campo e traçou um perfil da região, levantando aspectos da fauna e da flora.
- Confrontando com a legislação ambiental em vigor, percebemos diversas irregularidades no estudo realizado pela UCS (Universidade de Caxias do Sul). Ainda estamos tabulando os dados, mas é possível adiantar, por exemplo, que o trabalho da universidade não é claro sobre outras regiões investigadas para suprir a necessidade de abastecimento. Nossa legislação vigente é bem clara ao falar que três localidades devem ser estudadas com a mesma profundidade - confrontou Araújo.
No relatório entregue pela UCS ao Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), em dezembro do ano passado, consta que seria preciso alagar uma área de 2,112 quilômetros quadrados, o equivalente a cerca de 200 hectares, para construir a represa. Segundo o próprio estudo, 268 famílias de 87 propriedades seriam afetadas pela barragem. Em contrapartida, o município reservaria 33,94 milhões de metros cúbicos de água, garantindo o abastecimento por, no mínimo, mais 15 anos.
- Se este for realmente o melhor lugar, então temos de ver uma forma de compensação para toda essa vegetação nativa da região. Isso não está previsto, de maneira prática, no estudo da UCS - argumentou Carlos Michelin, um dos integrantes da comissão de moradores do entorno do Arroio Marrecas.
O trabalho da universidade durou sete meses e meio e contou com a participação de 31 professores, sete técnicos de nível superior, cinco acadêmicos e quatro empresas para tarefas específicas. À época da divulgação do estudo, a informação era de que 1,042 quilômetro quadrado de mata nativa seria atingido.
(Por Fábio da Câmara, Pioneiro, 28/02/2008)