O anúncio recente do governo da Rússia de aprovação de um esquema legal para receber projetos de Implementação Conjunta (realizado entre países desenvolvidos) abre novas possibilidades para investimentos no país, influenciando o mercado de carbono de uma forma indireta, mas não rouba o brilho do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), segundo analistas da consultoria alemã
“Já existem cerca de 58 projetos russos que só precisam ser aprovados pelo governo. Com este novo procedimento mais projetos serão implementados, uma vez que os interessados viam a sua falta como um risco para desenvolvê-los”, explica Daniel Hires, do
O resultado disso é que o suprimento de Unidades de Emissões Reduzidas (ERUs, na sigla em inglês), já esperado há tanto tempo, começará a flutuar no mercado de carbono global. Segundo Hires, a Rússia possui um grande potencial para receber projetos de Implementação Conjunta (IC) que agora poderá se concretizar. “Sem os procedimentos, os créditos não poderiam entrar no mercado”, afirma.
Ele explica que o mercado de reduções certificadas de emissões (RCEs), créditos referentes a projetos do MDL, será afetado somente do ponto de vista de que terão concorrentes diferentes no mercado. “Não haverá apenas RCE no mercado, mas também ERU”, diz.
Os projetos IC são similares aos do MDL, uma vez que ambos são mecanismos para contribuir com o desenvolvimento sustentável e a redução de emissões. A principal diferença é o local onde o projeto é desenvolvido, pois os de MDL são específicos para países em desenvolvimento.
Como o MDL está sendo praticado há muito mais tempo que o IC, os procedimentos já estão bem desenvolvidos e são comumente usados. “Ainda falta experiência no IC”, comenta o diretor de comunicação da
Segundo Wilhelm, a Ucrânia é hoje, depois da Rússia, o país em melhor posição para receber projetos IC, pois já possui um procedimento para aprovação em funcionamento e emite cartas de endosso e suporte.
“A maioria dos países do leste da Europa, como Romênia e Bulgária, estão em uma boa posição para hospedar projetos IC. O único problema é que tais países já estão na União Européia e, por isso, devem obedecer ao EU ETS (Esquema de Comércio de Emissões)”, diz Wilhelm.
Apesar desta nova abertura no mercado, os analistas da
Wilhelm explica que, para o MDL, geralmente é mais fácil receber a carta de aprovação do projeto do que no caso do IC. “O MDL também está funcionando há muito mais tempo que o IC, então todos os procedimentos estão estabilizados e bem conhecidos”, explica Wilhelm.
No MDL, o procedimento de emissão dos créditos de carbono é feito por um órgão da ONU e não subtrai das emissões totais do país, uma vez que estes não têm metas de redução dentro do Protocolo de Quioto. Como os países que hospedam IC têm metas, as reduções devem ser subtraídas do total de emissões designadas. Os países hospedeiros então transferem as Unidades de Quantidade Designadas (AAUs) do registro nacional de carbono para o país que implementou o projeto em conjunto.
“A implicação disto é um procedimento de aprovação mais longo e complicado, uma vez que os governos não têm que aprovar qualquer projeto, mas querem ter apenas os bons”, ressalta.
Segundo os analistas, o fácil acesso aos anfitriões e potencial para projetos, consciência sobre os mecanismos de Quioto a nível populacional e governamental, boas condições de investimentos no país, estabilidade política e econômica são outros fatores que fazem um país ser mais atrativo que outro.
(Por Paula Scheidt, CarbonoBrasil, 27/02/2008)