Para minimizar os impactos ambientais, os governos do Brasil e Argentina devem optar pela divisão do projeto da hidrelétrica de Garabi em duas usinas que seriam instaladas no rio Uruguai, na fronteira entre a Argentina e o Noroeste do Estado. Segundo o secretário de Infra-estrutura e Logística, Daniel Andrade, a mudança de planos tem objetivo de minimizar problemas provocados pelos alagamentos de áreas provocados pela construção das barragens.
Conforme o Ministério das Minas e Energia (MME), o projeto de Garabi faz parte do conjunto de cinco usinas que o governo brasileiro planeja construir em parceria com os governos da Argentina e da Bolívia. A união com os governos dos dois países vizinhos para erguer as novas plantas hidrelétricas (três com a Argentina e duas com a Bolívia) foi anunciado na segunda-feira passada pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Juntas, as usinas vão gerar 10 mil MW, com investimento de R$ 30 bilhões.
O plano foi um dos temas da reunião dos presidentes dos três países, no sábado passado, em Buenos Aires. Na ocasião, ficou programada a realização, até a próxima semana, de um encontro entre os ministros da área energética para debater os termos dos acordos e definir os locais onde serão implantadas as usinas.
De acordo com Andrade, ainda não há definição exata dos locais onde serão construídas as duas usinas. A escolha ainda depende de estudos relativos ao meio ambiente. "Na questão brasileira está bastante adiantado, mas na Argentina está atrasado", revela.
O ministro Lobão trabalha na estruturação de um grupo de trabalho, com a participação da Secretaria de Infra-estrutura e do governo do Estado com o objetivo de criar a modelagem para o empreendimento. A idéia é criar um sistema de concessão para a o projeto, já que a Argentina não aceita a reprodução do modelo da usina de Itaipu, comandada por uma empresa binacional (dos governos brasileiro e paraguaio). Dessa forma, a iniciativa privada poderia obter a concessão para operar a unidade. Até mesmo a CEEE tem interesse em participar de um consórcio para disputar a permissão.
Juntas as usinas hidrelétricas de Garabi devem ter capacidade para gerar 2 mil MW. "Isso representa 50% da demanda do Rio Grande do Sul inteiro. É a maior usina hidrelétrica que vai entrar em construção no Brasil", afirma Andrade. Conforme o MME, o projeto deve exigir um aporte de cerca de R$ 4 bilhões.
(Por João Guedes, JC-RS, 28/02/2008)