Sobradinho - O tipo de crescimento baseado no acúmulo de riquezas e na acentuação das desigualdades foi o principal ponto debatido pelos participantes no primeiro dia da Conferência dos Povos do São Francisco e do Semi-Árido. Mesmo com o forte calor de Sobradinho (BA), as mais de 200 pessoas participaram das assembléias e relataram as principais preocupações com a realidade vivida nos 13 diferentes estados.
A abertura aconteceu com uma mistura de manifestação artística e alerta para o acelerado processo de degradação ambiental. A estudante Silvya Janayna, de Piranhas (AL), recitou uma poesia chamada Lágrimas do Velho Chico, do poeta Túlio dos Anjos, e sobre o projeto de transposição disse “vai faltar água e alimento. Vai sobrar muito sofrimento. Fome, miséria e poluição”.
A tônica serviu para todo o dia. No início da tarde, Ruben Siqueira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) fez uma espécie de memória das ações populares recentes na bacia do rio São Francisco e no Semi-Árido. Em seguida teve início a análise de conjuntura. Um representante de cada estado fez um breve relato da realidade vivida pela população, urbana e rural. O sócio-economista Marcos Arruda, do Instituto de Políticas Avançadas para o Cone Sul (PACS), deu continuidade à análise comparando o crescimento econômico desenfreado à um estado de barbárie.
Ele disse que a maioria das pessoas “não tem nem seus direitos animais garantidos, quanto mais os direitos humanos”. Sobre o presidente Lula afirmou: “continua insistindo em governar sem um programa de desenvolvimento” e completou que o “PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) não tem nada a ver com desenvolvimento”. A análise foi completada por Derli Casali, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e pelo debate.
ParticipantesSão mais de 200 pessoas que ultrapassaram o número previsto de participantes e levaram para dentro da plenária a realidade de 13 estados (AL, SE, PE, BA, PB, RN, PI, CE, MG, RJ, SP, GO e PR) além do Distrito Federal e outros dois países, Alemanha e Argentina.
Entre as entidades representadas estão os Movimentos dos Pequenos Agricultores (MPA), dos Atingidos por Barragens (MAB), das Mulheres Camponesas (MMC) e dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Marcha Mundial das Mulheres; Conselho Pastoral dos Pescadores; Comissão Pastoral da Terra; Cáritas; Instituto Regional da Pequena Agricultura Apropriada (IRPAA); Sindicatos de Trabalhadores Rurais; Sindicato dos Trabalhadores em Água e Esgoto no Estado da Bahia (SINDAE); Pólo Sindical de Petrolina (PE); Fórum Permanente da Bahia em Defesa do São Francisco; Conselho Indigenista Missionário (CIMI); as Frentes: Cearense por uma Nova Cultura de Água Contra a Transposição e a Paraibana Contra a Transposição; CESE; KOINONIA; Comitê Paulistano Contra a Transposição; Pastoral da Juventude do Meio Popular; Conlutas; Diretório Central dos Estudantes de Minas Gerais; Consulta Popular; Conselho dos Religiosos do Brasil (CRB); representantes de comunidades indígenas – Pipipã, Truká e Tupã, quilombolas, vazanteiros, geraiseiras, catingueiras e pescadores, entre outras.
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Cimi, 26/02/2008)