Cerca de 7.500 moradores da província de Candarave rechaçaram, em consulta pública, a construção de empresas mineiras na área e a super-exploração do recurso hídrico em seus territórios. No último dia 17 de fevereiro, em locais de votação em Candarave e seus seis distritos, o resultado do referendum foi 99% contra as mineradoras e só 1% a favor.
A iniciativa da votação foi em razão da contaminação das águas que há anos sofre a província de Candarave. Essa contaminação não permite o cultivo de produtos como o orégano e a alcachofra. Além disso, as empresas de mineração têm a intenção de apropriar-se de 39 mil hectares de terras na região.
Os votantes foram às urnas de forma voluntária em povoados e distritos próximos à capital candaravenha, como San Pedro, Cairani, Calacala, Talaca, Yucamani, Calientes e Pallata. Como organismos de transparência e a Defensoria Pública se recusaram a fiscalizar o referendo, representantes sindicais e civis de outras regiões do país e do estrangeiro o fizeram.
Segundo o prefeito da província de Candarave, Mario Copa Conde, com o resultado da votação, eles vão buscar um acordo em uma mesa em que ponham as condições dos agricultores, do estado e da empresa Southern.
"Primeiro vamos exigir uma indenização pelos anos de superexploração que diminuíram nossa produção agrícola e uma redistribuição do imposto e regalias mineiras; não é justo que recebamos seis milhões quando em outros lugares, que não contribuem em nada com a Toquepala, deixam mais de 100 milhões", disse ele.
Em coletiva de imprensa posterior à consulta popular, foram mostrados dados do Ministério da Agricultura entre 1998 e 2006, que revelam que a produção de alfavaca por hectare diminui de 30,000 quilos para 11,234; enquanto que a de orégano diminuiu de 16,071 quilos para 4,000 por hectare. Por causa da queda nos níveis de água, houve uma perda de 27 mil hectares de campos e áreas adubadas em Huaytire e Vizcachas.
(Adital, 27/02/2008)