Quadro de poucas chuvas e calor afeta especialmente produtores em municípios como Uruguaiana
Calor e ausência de chuva expressiva transformam fevereiro em um problema para populares e agropecuaristas no ponto extremo da Fronteira-Oeste. Dados da Estação Experimental da Fepagro em Uruguaiana indicam que até ontem choveu apenas 13,3 milímetros, quando a média do mês é de 114mm. Produtores sentem os reflexos da estiagem, do sol e dos incêndios em campos. Ontem, foram dois focos às margens da BR 290, mas a média diária é de três casos, segundo o sargento Geminiano Pinto, do Corpo de Bombeiros. 'A maioria por imprudência de quem lida ou passa pelas terras crestadas', afirma.
As aguadas apresentam sinais evidentes de que estão secando em Uruguaiana, o que representa custo no manejo dos animais, de acordo com o empresário rural Sérgio Osório. 'Hoje, todo produtor está olhando para o céu', diz. Também os arrozeiros que se utilizam das águas de rios periféricos como o Quaraí e o Camoaty passaram a sofrer na hora de irrigar lavouras. Já para donos de bares e restaurantes com mesas nas calçadas e lojistas que liquidam as mercadorias de verão, o clima é motivo de comemoração. Os organizadores do Carnaval Fora de Época, que começa nesta quinta-feira, torcem para que o quadro climático se mantenha e garanta o público esperado de 60 mil pessoas nas quatro noites de desfiles na avenida Presidente Vargas.
Em São Borja, desde dezembro o consumo de água está na faixa de 12 milhões a 13 milhões de litros por dia, superando a marca dos verões anteriores devido à longa estiagem associada às altas temperaturas. A equipe da Corsan garante que não enfrenta problemas de abastecimento, mas ressalta que a demanda é recorde neste ano.
Em Bagé, o déficit de chuvas nos últimos três meses repercute nas barragens que abastecem a cidade. A da Sanga Rasa está 5,20m abaixo do nível normal e a do Piraí, 2,40m. Desde o início de dezembro, se mantidas as médias históricas, deveria ter chovido 345 milímetros, mas o volume chegou só a 178 no período. Em janeiro, registraram-se apenas 43 milímetros e neste mês, até segunda-feira, 62mm, 98 a menos do que a média. As poucas chuvas e a volta das famílias que passaram férias em outras cidades preocupam o Departamento de Água e Esgotos. 'Estamos monitorando as barragens, as precipitações e o consumo', diz a diretora do Daeb, Estefanía Damboriarena. Ela pede que a população continue a evitar excessos no uso da água.
Em Bagé, nível das barragens como a do Piraí está baixo
(Correio do Povo, 27/02/2008)