Tipo de trabalho: Tese de Doutorado
Instituição: Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP)
Autor: Luciana Rocha de Mendonça
Contato: lurocha@usp.br
Resumo:
Este estudo analisou duas experiências de alianças estratégicas intersetoriais realizadas entre empresas e comunidades na Amazônia no início do século XXI, com o intuito de identificar contribuições para as práticas de desenvolvimento sustentável a serem propostas por organizações privadas e públicas. Concluiu-se que, à despeito das necessidades de adaptação encontradas nos casos estudados, o aprendizado obtido com as práticas de alianças que vêm sendo realizadas na Amazônia, podem contribuir para o desenvolvimento socioambiental desta região. Percebeu-se um potencial imenso de alcançar resultados econômicos, sociais e ambientais se as alianças intersetoriais forem estimuladas e se elas passarem a fazer parte de fóruns de discussão mais amplos, superando preconceitos quanto ao papel de cada ator social e partindo de regras do jogo mais claras. Para chegar a esta conclusão foi montado um quadro teórico composto pela análise da dinâmica dos laços sociais em comunidades com pessoas provenientes de diversas regiões, e de algumas das formas possíveis de organização e participação comunitária. Também foi verificado se tais aspectos facilitavam ou dificultavam a criação e o respeito a regras formais e informais de convivência e o uso sustentável de recursos naturais. Além do papel do ambiente institucional e dos custos de transação em uma visão crítica do desenvolvimento sustentável. A motivação para este estudo se tornou evidente a partir do agravamento das conseqüências dos problemas ambientais e da urgência de se apontar alternativas que envolvessem os diversos atores sociais para lidar com os complexos desafios inerentes a uma região que triplicou sua população desde a década de 1970, e que, apesar da inexistência de um modelo de desenvolvimento adequado às suas especificidades, ainda concentra uma parcela importante das riquezas naturais disponíveis no planeta. Tornando-se o foco da observação internacional e da busca de alternativas de geração de renda que se equilibrassem à manutenção da riqueza dos conhecimentos tradicionais sobre os recursos naturais. Passou-se a exigir das atividades econômicas empresariais uma convivência tranqüila com o extrativismo e a agricultura familiar, além do respeito às normas para que todos pudessem, efetivamente, contribuir para a redução da pressão sobre a floresta gerada pela extração de recursos superior à capacidade de reposição natural. A partir dos anos 1990, iniciou-se uma convergência de opiniões sobre a necessidade de integrar diversos agentes econômicos no esforço de promover o desenvolvimento, que devia ser entendido como o processo de transformação da sociedade não só em relação aos meios, mas também aos fins, produzindo benefícios comuns. Ampliando este conceito, o desenvolvimento sustentável passou a ser entendido como a utilização de recursos para atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras em atender as suas próprias necessidades. Dar o salto dos modelos tradicionais para uma proposição de desenvolvimento sustentável vem exigindo mudanças de estratégias públicas e privadas e de atitudes individuais e coletivas. Diante disso, optou-se pela modelagem de uma pesquisa do tipo exploratório-descritiva com abordagem qualitativa, empregando o método de estudo comparativo de casos, o que propiciou a inferência de variáveis a serem testadas em posteriores pesquisas hipotético-dedutivas: imagem, estratégia de negócios, transparência, confiança mútua, atração de talentos e regularização fundiária. Procurou-se controlar as limitações e os vieses inerentes a este tipo de pesquisa utilizando ferramentais metodológicos como a criação de protocolos de pesquisa e a triangulação de técnicas.