O presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Sawaya Jank, criticou o uso do milho na produção de etanol. Para ele, o cereal é matéria-prima "inadequada" para o combustível.
Segundo ele, "jamais houve" um conflito entre alimentos e biocombustíveis no Brasil, mas o uso de trigo e milho em outros países, como os Estados Unidos, é que está gerando impacto no aumento dos produtos alimentícios.
Jank fez a crítica no seminário "Energia para o Desenvolvimento com Eqüidade e Responsabilidade Ambiental", promovida pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), vinculado à Presidência da República.
Marcos Jank argumentou que o milho e o trigo são inadequados como matéria-prima de biocombustíveis porque são caros, têm baixo rendimento energético e afetam muito o meio ambiente. Ele lembrou que os Estados Unidos, que usam o milho, pretendem produzir 140 bilhões de litros de álcool em 2022, mais que o dobro dos 50 bilhões de litros que são hoje produzidos em 110 países.
O Brasil, como lembrou Jank, produz cerca de 22 bilhões de litros anuais de álcool. Segundo ele, quando o País começou a produzir álcool combustível, há 35 anos, o produto era muito mais caro que o petróleo. Hoje, enquanto o barril equivalente do álcool custa US$ 44, o do petróleo já está ultrapassando US$ 100.
Experiência
De acordo com Jank, a experiência brasileira com biocombustíveis "pode ser replicada" em mais de 100 países. Além disso, ele afirma que o País tem como ampliar a produção de álcool sem chegar a locais como Amazônia, Pantanal ou mata atlântica, mas sim em áreas já ocupadas por agricultura ou, especialmente, pastagens.
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Agência Estado, 27/02/2008)