A falta de chuvas já afeta várias regiões do Rio Grande do Sul, principalmente na Fronteira Oeste. De acordo com a Defesa Civil, até agora 11 municípios já decretaram situação de emergência em função da estiagem, e a tendência é de que, nos próximos dias, outras cidades também entrem nessa lista.
Em Bagé, na região da Campanha, ainda não foi decretada emergência, mas o município está em alerta. Há pelo menos três anos, a cidade registra o fenômeno. No último verão, o racionamento chegou a ser de 18 horas diárias. A diretora do Departamento de Água e Esgoto de Bagé, Estefânia Damboriarena, relata que, nos últimos três meses, choveu no local apenas metade das médias históricas. Com isso, a barragem principal, Sanga Rasa, está 5,3 metros abaixo do nível máximo.
“Isso começa de fato a nos preocupar e pode sinalizar que, se nos próximos dias não tivermos chuvas um pouco mais significativas, nós tenhamos que abrir mão da prática do racionamento como medida preventiva para o sistema não entrar em colapso”, afirma.
As causas do agravamento da estiagem ainda não estão claras, mas Estefânia acredita que estejam ligadas às mudanças climáticas, que afetam todo o planeta. No entanto, mostra cautela com as opiniões de ambientalistas, que afirmam que a monocultura de eucalipto na região é responsável pela diminuição das chuvas. Para a diretora, essas conclusões são ainda precipitadas.
O gerente-adjunto da Emater em Erechim, Teodoro Tedesco Neto, explica que, como a estiagem começou a se intensificar agora, não é possível saber ainda seus efeitos sobre a produção agrícola do Estado. “Não existe estimativa com relação a perdas, principalmente de milho e de soja, principalmente em período de floração e enchimento de grãos. Então, se não chover nos próximos dias, a situação tende a agravar”, alerta.
Além das lavouras de soja e de milho, Neto lembra que a produção de leite e a fruticultura também podem ser prejudicadas com as chuvas escassas.
(Por Patrícia Benvenuti, Agência Chasque, 26/02/200)