Segunda-feira (25)02, teve início, em Sobradinho (Bahia), a Conferência dos Povos do São Francisco e do Semi-árido. Mais de 200 pessoas participam do encontro e debatem as principais preocupações com a realidade dos estados de: Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás e Paraná. Participam ainda da Conferência, moradores do Distrito Federal e cidadãos argentinos e alemães. Entre as principais discussões do primeiro dia de debate, esteve o crescimento baseado no acúmulo de riquezas e na acentuação das desigualdades.
Além disso, os debatedores mostram preocupação com a degradação ambiental. Na abertura, uma alerta para os males que a interferência humana está causando ao meio ambiente. A estudante Silvya Janayna, de Piranhas (AL), recitou uma poesia chamada Lágrimas do Velho Chico, do poeta Túlio dos Anjos, e sobre o projeto de transposição disse "vai faltar água e alimento. Vai sobrar muito sofrimento. Fome, miséria e poluição".
Em debata à tarde, o sócio-economista Marcos Arruda, do Instituto de Políticas Avançadas para o Cone Sul (PACS), comparou o crescimento econômico desenfreado a um estado de barbárie. Para ele, a maioria das pessoas "não tem nem seus direitos animais garantidos, quanto mais os direitos humanos". O sócio-economista criticou ainda o presidente Lula, pois "continua insistindo em governar sem um programa de desenvolvimento" e disse que o "PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) não tem nada a ver com desenvolvimento".
Na terça, a programação começou com uma contextualização - feita por Manoel Bonfim, engenheiro civil especialista em geologia e hidrologia; Luciano Silveira, da Articulação do Semi-Árido na Paraíba (ASA/PB); e José Santana, do Movimento dos Pequenos Agricultores(MPA) - da região semi-árida brasileira e da Bacia do rio São Francisco."O Semi-Árido brasileiro tem água demais", disse Bonfim ao afirmar que "30% das águas barradas no Brasil" estão localizadas nessa região e que o projeto de transposição é desnecessário.
A mesa sobre o São Francisco foi formada por representantes da Articulação Popular do São Francisco e por representantes de povos tradicionais, como os indígenas, quilombolas e pescadores. Tanto o debate sobre o Semi-árido quanto a mesa sobre o São Francisco foram seguidos de debates abertos na plenária.
Dom Cappio
O bispo Dom Luiz Cappio chegou ainda pela manhã e durante a abertura dos trabalhos do dia disse que estava contente em rever algumas pessoas "em um momento tão importante". À noite ele fará uma celebração na Capela São Francisco. O local é o mesmo onde, entre novembro e dezembro do ano passado, o frei fez 24 dias de jejum contra o projeto de transposição de água do São Francisco. Ele participa da Conferência até o final da programação.
(Adital, com informações da Articulação São Francisco Vivo, 26/02/2008)