A presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, criticou hoje os que dizem que o país pode sofrer uma "catástrofe" energética e falou que este é um "problema do século XXI, no mundo todo e na região". Além disso, voltou a incentivar a incorporação definitiva da Venezuela como membro pleno do Mercosul, com o objetivo de completar o que chamou de "equação energética" na América do Sul.
Em um ato público, Cristina questionou o tratamento dado pela imprensa local à reunião que teve no sábado em Buenos Aires com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega boliviano, Evo Morales, a qual não apresentou resultados quanto a uma fórmula de repartição do gás boliviano. "Alguns veículos de comunicação publicaram que a energia era um problema argentino e que era uma questão de planejamento ou de falta de gestão, sempre assustando, dizendo que a catástrofe era iminente e estava para acontecer", criticou a presidente argentina.
Cristina explicou que o encontro de sábado com Lula e Morales teve "como objetivo formar um grupo para administrar racionalmente a troca energética na região". A chefe de Estado argentina disse que "administrar o sistema interconectado da região exige três princípios básicos: racionalidade, solidariedade e investimento", e contou que a Argentina expandiu sua oferta de energia elétrica em 11% "neste ano", ao incorporar 2.569 megawatts ao sistema.
Cristina reafirmou que a incorporação da Venezuela como membro pleno do Mercosul é uma medida-chave para completar a "equação energética" na região. A presidente argentina declarou ter apoiado isso em diversas ocasiões, o que, para ela, pode ter sido entendido como "uma defesa" do chefe de Estado venezuelano, Hugo Chávez, "mas na realidade é pura racionalidade. A Venezuela é necessária na equação energética latino-americana para fazer com que o crescimento seja sustentável".
O Governo argentino reconheceu no mês passado que existem problemas no sistema energético do país, que funciona no limite de sua capacidade desde 2007, quando houve racionamento no fornecimento à indústria e cortes no abastecimento de gás. Além disso, houve uma intensificação nos cortes e racionamentos das exportações de gás ao Chile, que começaram em 2004, quando apareceram os primeiros sinais de uma crise que especialistas atribuem à falta de investimentos no setor energético.
No dia 21 de dezembro de 2007, o Governo argentino anunciou um plano para o uso racional da energia que estabeleceu, entre outras medidas, a entrega gratuita em todo o país de 25 milhões de lâmpadas de baixo consumo para usuários residenciais em troca de similares incandescentes, que serão destruídas.
(Efe, G1, 26/02/2008)