Cientistas britânicos do British Geological Survey encontraram provas das mais fiéis vistas até hoje sobre o degelo dos glaciares na Antárctida. E alertam para uma certeza cada vez maior sobre a subida do nível das águas dos oceanos.
Na região ocidental do pólo sul, os investigadores analisaram um glaciar com um tamanho equivalente ao estado do Texas. Descrevem “rios de gelo” que se encaminham em direcção aos oceanos. Medições por satélite das placas glaciares desta região remota da Antárctida comprovam as observações dos cientistas: ali o degelo decorre num processo acelerado há já mais de uma década.
O caso mais preocupante é o do glaciar a que chamam “Pine Island”, com dois quilómetros de espessura e 30 quilómetros de comprimento. “Este glaciar dá o maior contributo de todos os glaciares da Antárctida para o aumento do nível da água no continente.” O “Pine Island” move-se a uma velocidade de 3,5 quilómetros por ano.
Esta região da Antárctida, considerada uma das mais inóspitas do planeta, foi visitada pela primeira vez em 1961. Mas nunca mais recebeu uma visita de um grupo de investigadores até que esta equipa do British Antarctic Survey chegou e conseguiu permanecer lá 97 dias. Por vezes as temperaturas atingem os 30 graus negativos e os ventos fortes tornam o trabalho impossível.
Um dos trabalhos levados a cabo pela equipa consiste em instalar sensores com GPS que monitorizam os movimentos dos glaciares a cada dez segundos. A razão para um degelo tão acelerado não tem a ver propriamente com o aumento das temperaturas, ironiza a equipa que aponta a causa a um aumento acelerado da velocidade das correntes por baixo da placa antárctica
Mas a equipa desconfia também da acção de fontes geotérmicas, nas profundezas do continente antárctico, onde, há dois mil anos, havia vulcões activos. O degelo deste glaciar podia aumentar o nível dos oceanos em 25 centímetros. Mas falam de algo por que se teria de esperar décadas, talvez um século.
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Ecosfera, 26/02/2008)