Criciúma precisa despertar urgentemente para as repercussões do desmatamento no município, que já se refletem na baixa qualidade de vida, com perspectivas ainda mais sombrias para o futuro. O alerta é do professor doutor Robson dos Santos, do PPGCA (Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais) da Unesc. Segundo ele, as áreas com florestas no território criciumense (Floresta Ombrófila Densa) sofrem com o processo de fragmentação dos habitats e estão representadas por apenas 2% na formação das terras baixas e outros 2% na formação submontana, que se encontram em estágio avançado de regeneração natural. “É emergencial o estabelecimento de políticas para a reversão deste quadro”, avisa.
Não bastasse a distribuição da floresta em fragmentos dispersos pelo município, analisa Santos, não há entre eles a conexão impedindo que a fauna circule entre os fragmentos, dificultando a regeneração da vegetação nativa, na sua grande maioria polinizada e dispersa por animais. “Criciúma possui uns poucos fragmentos, dentre eles os morros Casagrande (do Céu), Cechinel (da TV), Estevão e Morro Albino e o Parque Ecológico, que não se comunicam mais entre si”, alerta.
Biólogo, com doutorado em Engenharia Mineral pela USP, o pesquisador destaca que os reflexos diretos do desmatamento são as ilhas de calor, localizadas principalmente em zonas urbanas sem vegetação, ocasionadas pela falta de umidade. A impermeabilização do solo, conforme ele, é outro sério problema, provocando enchentes.
Com a introdução de políticas com vistas à solução do desmatamento em Criciúma, Santos antecipa que uma possível remediação seria a introdução de corredores de vegetação, entre os fragmentos de vegetação. “Só assim, seria possível reverter o panorama crítico, embora não seja uma solução simples devido à urbanização da cidade”, conclui.
(Rádio Criciúma, 26/02/2008)