Protocolo para a construção da usina será assinado amanhã no Piratini
Agora é oficial. Amanhã às 15h, a MPX, do empresário Eike Batista, assina com o governo gaúcho um protocolo de intenções para construir a termelétrica Seival II em Candiota, com 600 megawatts (MW) de potência. A empresa se compromete a aplicar no projeto pelo menos R$ 1,8 bilhão, que nos cálculos oficiais renderiam 4 mil empregos diretos e indiretos na região de Bagé, em mais um estímulo à Metade Sul do Estado.
Ainda não está confirmada a presença de Eike Batista, dono do grupo EBX, do qual a MPX é subsidiária, mas comparecerá à cerimônia no Palácio Piratini o presidente da empresa, Eduardo Karrer. Destacada em manchete de Zero Hora em 27 de dezembro, a intenção do grupo de investir no carvão gaúcho ganhou forma e se cristalizou em negociações com a Secretaria da Fazenda. Até então, as tratativas envolviam conversas preliminares com diretores da MPX.
O contato foi assumido pelo titular da pasta, Aod Cunha, que buscou contato pessoal com Eike por meio de um amigo comum, Rodolfo Reichert, diretor do banco UBS Pactual no Brasil. Uma das líderes da oferta pública de ações do Banrisul, a instituição de origem suíça também assessorou a abertura de capital da MPX. A proximidade pessoal desenvolvida durante as duas operações acabou funcionando como uma ponte entre os interesses da companhia e do governo gaúcho.
Quando tentou localizar Eike na virada do ano, Aod descobriu que o empresário estava na casa de Reichert em Angra dos Reis (RJ). Os dois acabaram conversando e desfazendo dúvidas sobre o investimento. As principais preocupações da MPX eram relativas à situação fiscal do Estado e à disponibilidade de água na região, questão crucial para a operação da usina. Conforme o secretário, a principal contrapartida do Estado é o diferimento (adiamento) de ICMS relativo à compra de equipamentos para a termelétrica.
- Tem zero de incentivo fiscal - assegura Aod, destacando que Seival II não é apenas mais um projeto, porque representa 15% do total da demanda de energia do Estado.
Aod antecipa que projeto será o primeiro de uma série
Ainda não ficará definida no protocolo a ser assinado amanhã a exata localização da térmica, apenas a implantação em Candiota. O ajuste fino depende do detalhamento do projeto, mas, segundo Aod, a MPX não tem preocupação de se afastar da faixa de fronteira para evitar que o licenciamento ambiental fique a cargo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). No prospecto da oferta pública de ações da MPX, o investimento estimado para Seival II era de US$ 1,39 bilhão (cerca de R$ 2,3 bilhões em valores atuais), calculado por uma consultoria na área, a Black & Veatch. O valor no protocolo que será assinado amanhã representa um compromisso mínimo da empresa.
- Esse é o primeiro de uma série de investimentos que vêm para o Estado porque o ajuste (fiscal) está sendo feito - destacou Aod ontem.
(Zero Hora, 26/02/2008)