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extinção de espécies impactos mudança climática
2008-02-26
O derretimento dos gelos marinhos, devido à mudança climática e à falta de ação governamental, colocará em risco a sobrevivência dos ursos polares do Canadá nos próximos 50 anos, alertaram grupos ambientalistas. Rachel Plotkin, analista de políticas de biodiversidade da Fundação David Suzuki, disse à IPS que “a principal ameaça é o derretimento do gelo marinho, que afeta os hábitos de caça e acasalamento dos ursos polares. Isto ocorre muito mais rápido do que o esperado. A viabilidade da espécie é incerta no longo prazo”, disse. Dois terços dos ursos polares do mundo estão no Canadá, acrescentou a especialista.

“Também sofrem com o bioacúmulo de toxinas. O Canadá deve reduzir suas emissões de gases causadores do efeito estufa. Mas, há ameaças maiores no horizonte, como o impacto do aumento da navegação que o derretimento do gelo torna possível”, alertou Plotkin. “Haverá uma pressão adicional pela exploração de petróleo e gás. O Canadá não reconhece que os ursos polares são uma espécie em perigo. Se o fizer, o governo terá de definir um plano de ação”, ressaltou.

Os ursos polares utilizam o gelo marinho como plataforma para a caça de focas. Um atraso no congelamento provoca perdas vitais de reservas de gordura para os períodos de jejum. Isto, por sua vez, afeta a reprodução e a capacidade de gerar leite para os filhotes. A taxa de natalidade já caiu 15%. O governamental Comitê sobre o Status da Vida Silvestre em Perigo declarou que os ursos polares são uma espécie que desperta “especial preocupação”. O órgão vai preparar um informe que servirá para determinar o grau de perigo em que se encontram os ursos, com base nas tendências, ameaças e projeções. Mas Plotkin alertou que essa avaliação governamental pode adiar até 2010 a implementação de um plano de proteção.

O Canadá conta com 13 das 19 populações mundiais de ursos polares em Nunavut, Manitoba, Ontário, Quebec, Labrador e Yukón. Também podem ser encontrados no Alasca, na Dinamarca, Groenlândia, Noruega e Rússia. Em 1973, foi assinado o Acordo Internacional para a Conservação dos Ursos Polares, como conseqüência do aumento da caça nas décadas de 60 e 70. Canadá e Dinamarca permitem a caça de ursos aos turistas que buscam esse troféu, e todos os países, menos a Noruega, contemplam a caça tradicional por parte dos inuit. Cientistas norte-americanos prevêem que a população de ursos polares cairá em dois terços em meados deste século, devido ao impacto do derretimento do gelo marinho. Atualmente existem entre 20 mil e 25 mil animais.

Especialistas alertam que a população na ocidental baía de Hudson, no Canadá, diminuiu 22% em relação aos níveis do inicio da década de 80. os ursos polares passam a metade de sua vida em blocos de gelo e podem nadar até cem quilômetros mar adentro. O ambientalista do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) mencionou o aquecimento global, a contaminação das fontes de alimentos, os vazamentos de petróleo no mar, as alterações do habitat e o excesso de caça como as principais ameaças à sobrevivência dos ursos polares.

O diretor de conservação de espécies do WWF no Canadá, Peter Ewins, disse à IPS que embora a avaliação e as recomendações governamentais sobre os ursos polares só serão conhecidas em abril, o Canadá já fixou a data de 2 de junho para vender direitos de exploração de gás e petróleo em áreas que os afetarão diretamente. “Já houve uma venda no valor de US$ 600 milhões para as multinacionais Exxon e Móbil Oil em agosto de 2007. A próxima será da ordem de US$ 2 bilhões. Não há um plano de longo prazo e o governo continua aplicando os modelos da época colonial, de desenvolvimento da fronteira, sem pensar nas conseqüências”, disse Ewins. O WWF se opõe as exploração de gás e petróleo porque a tecnologia para limpar os vazamentos ainda não estão bem desenvolvidas. Os ursos e as morsas estarão em pergio, advertiu.

(Por Am Johal, IPS, Envolverde, 25/02/2008, 25/02/2008)


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