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hidrelétrica de garabi passivos de hidrelétricas
2008-02-25
"Euforia” foi a palavra empregada por uma fonte do governo estadual para explicar o porquê de ter sido divulgado na imprensa gaúcha as palavras do secretário-geral de governo, Delson Luiz Martini, de que “Garabi sai”. Afinal, se Lula e Cristina Kirchner estão na Argentina para assinar mais um dos vários acordos que já foram assinados nas últimas décadas para a realização do projeto de construção da Usina Hidrelétrica de Garabi, quer dizer que nada está confirmado, que não há cronograma de trabalho.

Tanto a imprensa brasileira quanto a do Rio Grande do Sul publicam notícias periodicamente sobre reuniões e assinaturas e, principalmente, números que pretendem convencer a opinião pública do benefício do projeto sem o contraponto, o questionamento das conseqüências como a expulsão de milhares de famílias de suas casas, de seu trabalho. Este é o caso, justamente, dos pescadores do rio Uruguai em Garruchos, o até o momento chamado “paraíso dos dourados”.

Nesta semana, os Amigos da Terra divulgaram a resposta do secretário nacional de energia argentino Daniel Cameron atendendo à solicitação da ong M Biguá de que os estudos são inadequados e que por isso devem ser refeitos. Pergunta: a divulgação dos números pela imprensa brasileira de empregos a serem gerados, investimentos a serem feitos, também não deveria ser revista? Dados da Eletrobrás de 1990 indicavam que mais de sete mil famílias seriam atingidas, somente no lado brasileiro. Passados 18 anos, qual a perspectiva? Falam em empregos a serem gerados, mas de onde viriam estes profissionais, se na região a mão-de-obra provém da agricultura familiar, da pesca, da indústria local e do setor de serviços? E se forem profissionais de outros municípios ou estados, qual será o impacto na população?

Itaipu passou por essa situação e hoje possui o Memorial do Barrageiro que conta a história dos mais de 40 mil funcionários, brasileiros e paraguaios, que atuaram na construção da usina. Para receber tanta gente Itaipu construiu três vilas residenciais (A, B, C) e um alojamento gigantesco para acomodar os trabalhadores solteiros, ou que vieram para a cidade sem as famílias.

Este impacto populacional em Foz do Iguaçu vem sendo administrado até hoje. Um projeto de um deputado estadual e da prefeitura pretende tentar solucionar os problemas gerados pela cultura do contrabando, transformando o município em um pólo tecnológico a partir da atração de empresas nas áreas de informática, eletroeletrônicos e telecomunicações. Segundo o divulgado no projeto, “a cidade de 280 mil habitantes cresceu dependente dos cerca de 40 mil empregos gerados pela Itaipu Binacional na década de 70. Com o fim da obra, parte dos trabalhadores migraram para o mercado de importados de Ciudad del Este. Hoje estima-se que 40 mil pessoas estão na atividade informal”.

O Núcleo Amigos da Terra Brasil entende que é necessário haver mais discussão com a comunidade local e com a opinião pública não somente sobre os supostos benefícios da realização do projeto UHE Garabi, mas também das suas conseqüências sociais e ambientais. Neste sentido, transparência é um item que falta no diálogo dos governos com as ONGs que buscam informações e nada é divulgado, exceto à grande imprensa, e ainda propagandeando somente o lado que acreditam ser positivo.

(Por Eliege Fante, Núcleo Amigos da Terra Brasil, 20/02/2008)



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