As chuvas intensas que vêm caindo no Sudeste do País nas últimas semanas podem levar o governo a desligar ao menos parte das usinas termoelétricas movidas a óleo que foram acionadas no início do ano para poupar água nos reservatórios das hidrelétricas.
A ordem para que algumas termoelétricas deixem de funcionar pode ser dada na quinta-feira, durante reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). ''''No Sudeste dá pra avaliar (a possibilidade de desligar térmicas). Pode ser que desliguemos, pelo menos, algumas'''', admitiu o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp.
O mais provável é que o governo abra mão, primeiro, da energia gerada por usinas térmicas movidas a óleo, combustível mais caro e mais poluente que o gás natural.
Chipp destaca, porém, que, pelo menos na próxima reunião, o CMSE não deve mandar desligar nenhuma termoelétrica no Nordeste. ''''A expectativa é de que no Nordeste não façamos nada, agora. A situação das chuvas lá é menos estável que no Sudeste.''''
De qualquer modo, a questão do desligamento das usinas ainda precisa ser analisada por todos os integrantes do CMSE. Além do ONS, compõem o comitê representantes do Ministério de Minas e Energia, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
SITUAÇÃO MELHOR
Segundo dados do ONS referentes à quinta-feira passada, as oito termoelétricas a óleo em funcionamento no País - cinco no subsistema Sudeste/Centro-Oeste - estavam produzindo 1.140 megawatts (MW) médios. As usinas movidas a gás produziam 3.083 MW médios.
O alívio que pode levar o governo a desligar algumas usinas a óleo foi proporcionado pelas chuvas, que desde meados de janeiro vêm caindo com mais regularidade, e também pelo início da operação do gasoduto Cabiúnas-Vitória, que permite o bombeamento de gás da bacia do Espírito Santo para gerar cerca de 1.000 MW no parque térmico do Rio de Janeiro.
Somando-se a volta das chuvas com o uso mais intenso de termoelétricas desde janeiro, o resultado é que os reservatórios das principais hidrelétricas estão, hoje, em uma situação muito melhor que no início de janeiro, quando o mercado de energia foi tomado por preocupações de que o País poderia passar, ainda neste ano, por um novo racionamento.
Segundo o boletim de operação disponível no site do ONS, na quinta-feira passada, os lagos das usinas das Regiões Sudeste e Centro-Oeste operavam com 61,9% de sua capacidade de armazenamento. No Nordeste, o nível das represas estava em 44,7%. No dia 1º de janeiro a situação era bem diferente: no Sudeste/Centro-Oeste as barragens estavam com 46% da capacidade e no Nordeste, com 26,8%.
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O Estado de São Paulo, 25/02/2008)