O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, disse ontem que o novo Presidente norte-americano terá uma política climática mais próxima da europeia e acredita que será possível chegar a um acordo internacional depois das eleições nos Estados Unidos. Depois das mudanças na Casa Branca, "pensamos que será possível um acordo global". As negociações sobre o sucessor do Protocolo de Quioto estão previstas estender-se até ao final de 2009.

"Sabemos que o futuro ou a futura presidente dos Estados Unidos estará muito mais próximo da nossa política" sobre a redução das emissões de gases com efeito de estufa, argumentou o presidente da Comissão, que assinala também uma "evolução" no bom sentido dos dirigentes chineses.

Barroso, todavia, lembrou que caso estas negociações internacionais falhem, o plano da UE para reduzir os gases com efeito de estufa em 20 por cento até 2020 (em relação a 1990), anunciado a 23 de Janeiro, terá em conta a concorrência desleal de exportações de países menos preocupados com o ambiente.

Bruxelas admitirá, então, dar "direitos a poluir" gratuitos às indústrias "gulosas" em energia ou ainda obrigar os importadores não europeus a uma espécie de taxa ambiental nas fronteiras da Europa. "Não podemos fazê-lo desde já, porque isso significaria que não acreditamos num acordo internacional", lembrou Barroso.

O presidente da Comissão aposta num "acordo político" até ao fim do ano entre os países membros da União Europeia (UE) sobre o plano de redução das emissões, proposto em Janeiro pela Comissão. Respondendo aos detractores do plano, que prognosticam que este prejudicará a competitividade das empresas europeias, advogou que o desenvolvimento das tecnologias no sector das energias renováveis vai criar novas actividades na UE e milhões de empregos.

Boydon Gray, próximo do presidente norte-americano, George W. Bush, e ainda muito recentemente embaixador dos Estados Unidos junto da UE recomendou aos europeus que adiem os seus objectivos de redução dos gases com efeito de estufa por dez anos até 2030. "Nessa data, a tecnologia necessária estará disponível", defendeu, notando que os objectivos fixados para 2020 são só para alguns sectores da economia.

"A haver um acordo internacional, manter-me-ia prudente quanto a inclusão da China e da Índia", comentou. Nick Campbell, o responsável sobre o clima de BusinessEurope, a organização patronal europeia, aposta num acordo internacional "em 2010". Para ele, a incerteza dos dois próximos anos augura grandes flutuações no mercado do carbono. Trata-se "de uma experiência cara", sustentou, sublinhando a sua oposição a leiloar "direitos a poluir" até esta altura gratuitos, previsto pelo plano da Comissão.

(Lusa, Ecosfera, 25/02/2008)